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       ADEUS, FENÔMENO!   A morte do poeta Viriato Gaspar (ocorrida na quarta-feira, dia 17 de setembro), tomou de assalto o meu dia seguinte. A notícia, que recebi por intermédio de um amigo, chegou com o impacto de um terremoto. É difícil aceitar o desaparecimento de um dos mais brilhantes nomes das nossas letras. Figura que surgiu no cenário local como um fenômeno, ganhando importantes concursos em sequência, sendo o primeiro com apenas 17 anos de idade. Ainda na juventude, Viriato tornou-se um dos membros do Antroponáutica, movimento artístico-literário que definiu o início da pós-modernidade no âmbito da criação artística no panorama da capital. Movimento este que, infelizmente, nunca teve, por parte da nossa intelectualidade, o merecido reconhecimento, resumindo-se às notas de rodapé dos registros históricos, a artigos esporádicos nos jornais e a algumas citações em trabalhos acadêmicos. Em seu fazer estético, o poeta conjugava, com equilíbrio e clareza in...
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       O RETRATO DO PODER quando a parede vira palanque   Uma tradição antiga e ultrapassada ressurge nas administrações do governador do Maranhão, Carlos Brandão, e do prefeito de São Luís, Carlos Braide. A tradição de pendurar retratos emoldurados em hospitais, secretarias e prédios públicos — como se fosse selo de qualidade — virou alvo de ação popular. Essa ação foi ajuizada pelos advogados Gilmar Pereira Santos e Josemar Pinheiro em 27 de junho de 2025, perante a Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís. Os retratos emoldurados do governador e do prefeito estão espalhados por hospitais, secretarias e repartições públicas. O caso torna-se ainda mais grave ao se considerar que os hospitais são frequentados por grande número de cidadãos em situação de vulnerabilidade que buscam atendimento médico, o que potencializa o alcance da exposição indevida e o favorecimento político do gestor público. Entretanto, os retratos dos gestores — pendurados em locai...
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  BRASIL, PAÍS TÃO BIZARRO!   Algum tempo atrás, o saudoso cantor — e frasista — Tim Maia sentenciou uma frase que se tornou antológica: O Brasil é esse país estranho em que puta goza, gigolô tem ciúmes, traficante fuma maconha e comunista é direita. Ponto final. Parecia que o cantor havia encontrado a versão definitiva para expor as bizarrices de que são capazes os brasileiros a par das inúmeras potencialidades da Nação que lhes pertence. Anos antes um livro de Stanislaw Ponte Preta chamado FEBEAPÁ, o festival de besteira que assola o país fez muito sucesso também descrevendo essas estranhezas, que chamou besteiras — muito apropriadamente, aliás. Luís Fernando Veríssimo, o escritor morto passado já complementara a frase do cantor, que parecia definitiva, com mais uma, a qual me referi em recente crônica neste espaço: ...O Brasil é o único país em que se descobre corrupto para todo lado, mas não se veem os corruptores. Estava pensando nisso, quando o noticiário d...
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DESVENDANDO O INFINITO   Desconfia-se que o Infinito   só deu as caras pelo mundo quando alguma   questão estava difícil de resolver. O primeiro recurso dos humanos, como se sabe, sempre foi recorrer a Deus, e — quando este começou a dar para trás — foi necessário inventar o Infinito. Para questões quantitativas os matemáticos, um belo dia, inventaram o Coeficiente de Segurança K que passou a aparecer nas fórmulas quando a equação não fechava. Óbvio que para questões mais abstratas e poderosas os matemáticos não poderiam se socorrer de um K qualquer e, neste caso, surgiu o Infinito, que surgiu na mesma toada: “Bota um infinito aí na coisa, e pronto, tá resolvida a parada. ” O infinito, portanto, é uma espécie de coeficiente de segurança da ilusão do conhecimento humano. 1.A HISTÓRIA (Primeira Tentativa) O problema do infinito — e do seu significado — para a matemática, a filosofia e a teologia era discutido havia mais de 2 mil anos....
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VERÍSSIMAMENTE   Dois grandes cronistas humorísticos me serviram de fonte de inspiração em minha adolescência para que eu um dia enveredasse na prática desse gênero da escrita que, para meu deleite pessoal, prefiro à crônica lírica, engajada ou debatedora. Não sei se aprendi, mas certamente devo a ambos — e a José Chagas, aqui no Maranhão, a quem humildemente substituí no espaço do Hoje é dia de...— muito do que até hoje enviei para as páginas dos jornais em mais de vinte anos. Foram eles: Millor Fernandes (contundente, sarcástico e cerebral) e, mais tarde, Luis Fernando Veríssimo (sutil, irônico e cerebral). Com estilos um tanto diferentes na composição de suas crônicas, mas com o mesmo impacto demolidor das hipocrisias humanas. 1. Morto Luís Fernando Veríssimo esta semana, integro-me a homenagem que lhe é prestada por seus fãs, rememorando algumas de suas frases geniais e, dando-me à ousadia de, como admirador, comentá-las. Vou morrer sem realizar o meu grande sonho: ...
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PEDRO PEREIRA LOPES entre palavras e mundos Pedro Pereira Lopes nasceu em 1987, na província da Zambézia, Moçambique, mas o mundo sempre pareceu-lhe pequeno demais. Estudou Políticas Públicas em Pequim, atravessou continentes, fronteiras e mapas mentais, e hoje ensina e pesquisa na Escola de Governação da Universidade Joaquim Chissano, em Maputo. Escreve poesia, contos, microcontos, romances, e parece encontrar na palavra a resistência e a liberdade que a burocracia nunca deu. Seus livros, infanto-juvenis ou para adultos, espalham-se como pequenas explosões de singularidade. Recebe prémios aqui e acolá, mas nada disso apaga a sensação de que escrever é, sobretudo, estar vivo em cada letra. Em cada página, Pedro parece brincar com o mundo, com a linguagem e com os próprios leitores. Fundou a Gala-Gala Edições, porque criar espaço é um gesto de revolução silenciosa. Cada livro seu é um universo, um risco, uma dança entre o íntimo e o coletivo. Ler Pedro é perceber que até as menores...