SIM, RECORDAR É
VIVER
“Memória destroçada
qualquer lembrança
é melhor que nada”
Lau Siqueira
Hoje peço licença aos meus leitores para mais uma vez escrever este
texto em primeira pessoa. Embora já tenha mencionado algumas vezes que gosto
muito de escrever em 1ª pessoa, não sei por que, mas tenho a impressão de que
com a informalidade, perde-se a confiabilidade. Enfim, hoje discorrerei algumas
palavras com essa estrutura ao mesmo tempo que me colocarei nelas.
Hoje vivemos outros tempos, outra “vibe” (como dizem os mais
jovens), porém uma coisa é certa, mesmo com tantas transformações, tantas
mudanças, tanta tecnologia, ainda assim, não foi possível apagar o brio do
velho e bom romantismo (para aqueles que ainda acreditam nele, sou uma dessas
pessoas) e consequentemente o amor, este sentimento que transborda emoções em
muitos corações, inclusive o meu. Há um poema do acadêmico José Neres, Soneto
dos Namorados, que diz:
Dizem que o amor fora de moda está.
Será brega suspirar pelos cantos?
Ou, de feliz, derramar doces prantos
ao beijar a amada ao som do luar?
E será vergonha de amor falar?
E tremer e gaguejar só de espanto
quando ela surge como por encanto
pra dizer que te viu no seu sonhar?
Não... Não façamos do amor mil tormentos
Cada gota de amor são sentimentos,
são beijos que respiram emoções.
Se beijar é só os lábios encostar,
o amor é muito mais que beijar
amar é o cruzar de dois corações.
Será?
Será que sentimento tão sublime, tão verdadeiro, pode estar fora de moda? Mas,
afinal, o que está na moda? O que nos faz palpitar o coração? O que nos faz
lembrar um passado distante ou próximo? Sim, porque às vezes as lembranças boas
(ou ruins) não estão tão longe como pensamos. Mas, em que momento nos
despertamos para o passado? O que nos leva a esse passado? Em que momento
“suspiramos pelos cantos”?
Findou-se
o mês de junho, o mês dos namorados, o mês dos românticos e nada melhor do que
levar junto com ele o aroma da magia do maior e mais importante sentimento do
mundo – pareci piegas agora né? – mas sim, o único sentimento que é capaz de
abrandar e acudir a todos os males do mundo: o Amor. Este sentimento que nasce
no lugar mais rústico que possam imaginar, nasce até em uma pedra, para mostrar
ao mundo que ali tem vida.
E
em meio a este turbilhão de emoções e pensamentos e ao frenesi do dia a dia, há
uma hora em que é preciso pisar no chão e despertar para os bons momentos, por
vezes esquecidos, mas continuam guardados a sete chaves em algum “rincón” de
nossa vida. É então que surge a nossa trilha sonora, aquelas músicas que nos
fazem ultrapassar muros e quintais do passado e do presente. E todos nós,
inclusive eu, temos uma trilha sonora perfeita para todas as ocasiões. A
verdade é que temos uma memória, seja ela seletiva ou não.
Não
há nada melhor do que fazer suas tarefas ouvindo música, mas não é uma música
qualquer, é uma melodia que nos inspira. Aqui me encaixo perfeitamente. Só
consigo pensar embalada ao som de músicas, principalmente as que me fazem
refletir sobre o que quero produzir/escrever em um determinado momento. Então,
nesses momentos de inspiração, temos inúmeras maneiras de ouvir essas músicas,
com tantos aparatos tecnológicos, tantas plataformas digitais disponíveis, fica
até difícil escolher, mas o que faço? Recorro às rádios, verdadeiras
preciosidades, com programas que agradam a todos os públicos/ouvintes. Já vão
perguntar: alguém ainda ouve rádio? Lógico, muitas têm excelentes programas e
não só notícias, mas programas com músicas que são verdadeiras sinfonia aos
nossos ouvidos.
Um
destes programas é o Acorde e Recorde, da Mirante FM.
Apresentado pelo eclético comunicador e radialista Glaydson Botelho, o programa
é apresentado de segunda a sexta às 06h da manhã. Com músicas de várias épocas.
Acorde e Recorde é uma espécie de “baú
de emoções”: passam por ali várias histórias de vários artistas nacionais e
internacionais, vivos e In memoriam. Glaydson, com toda
sua sensibilidade, leva o ouvinte a se sentir dentro do programa, às vezes
participando diretamente da programação, através de centenas de mensagens com
pedidos por músicas que marcaram suas próprias vidas. Outro programa que traz
em sua programação músicas que embalam emoções é Momentos de Amor. Sob o comando de uma das vozes mais inconfundíveis
e um dos maiores ícones da rádio maranhense, Stênio Kawasaki leva o programa com maestria.
Com
a frase icônica “arrepiando
os pelinhos” e apresentado nos idos dos anos 1980 pela extinta
rádio Cidade FM, Momentos de Amor é
um programa que praticamente inaugurou o romantismo nas
ondas do rádio. Após um longo tempo de afastamento, o programa volta ao ar,
desta vez na rádio Difusora News.
“Moments of Love”, como chamava o próprio Kavasaky, vai ao ar de segunda à
sexta, das 12h às 14h.
E uma
curiosidade: em ambos os programas mencionados aqui, quase 90% das músicas
pedidas pelo grande púbico são melodias dos anos 80 e 90. Daí vem uma pergunta:
Por que a maioria das músicas que gostamos de ouvir nos leva à nossa
adolescência? E outra pergunta: O que houve com nossas músicas mais recentes? Posso
ajudar a responder. Primeiro, é em nossa adolescência que formamos nossas
principais memórias, memórias essas que formarão nosso caráter e nossa história
de vida, e segundo: nosso gosto musical recente, não interfere
(necessariamente) em nosso passado e nem em nosso futuro (minha opinião).
E por fim, dizer que não, o amor não é brega
nem está fora de moda e com isso, podemos “ouvir” o passado, recordar histórias
(seja de amor ou não), pois na vida, todos nós temos um passado e uma história
para recordar... E viver.
Linda Barros é escritora, atriz,
membro
da Academia Poética Brasileira
Essas recordações são bálsamo para nossa alma. E as músicas 🎶 dos anos 80 e 90, são simplesmente incríveis. Parabéns pela bela crônica.
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