Mural
faz muito tempo que eu venho
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem pula a traseira
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.
por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita.
Salgado
Maranhão nasceu em Caxias, 1953, é um
poeta e compositor brasileiro maranhense que nasceu no povoado de Canabrava das
Moças, e desde cedo auxiliou os pais na lavoura. Foi alfabetizado tardiamente
aos 15 anos. E o gosto pela poesia veio com os trovadores e as rodas de viola
que eram feitas em sua casa, confessou o poeta, que aos 20 anos se mudaria
definitivamente para o Rio de Janeiro. Antes passou pelo Piauí, Teresina, onde
conheceu o poeta tropicalista Torquato Neto e de quem recebeu o nome poético de
batismo Salgado Maranhão. Compositor-letrista, possui mais de 50 músicas
gravadas por vários artistas como Amelinha, Elba Ramalho, Ney Matogrosso,
Paulinho da Viola, Rosa Marya Colin, Vital Farias, Zizi Possi, Ivan Lins. Em
1999, recebeu com o livro "Mural de Ventos" o Prêmio Jabuti, o maior
prêmio literário do Brasil. Venceu em 2011 com o livro A cor da palavra, o
prêmio da Academia Brasileira de Letras, na categoria poesia. Em 2016, o livro
"Ópera de Nãos" foi premiado pelo Prêmio Jabuti, lhe concedendo o
segundo título desta premiação na sua carreira.
Um poeta de ensinamentos, presente em minhas leituras, na minha cabeceira.
ResponderExcluir