Textual
TEM
KKKKKKKKKKKKKKKKKKK NA PANDEMIA
ANOS
ATRÁS NA SEÇÃO HOJE É DIA DE... escrevi que a palavra Pôrra era a palavra mais
falada da língua portuguesa devido às suas múltiplas aplicações, já que serve
para tudo, de insulto a elogio.
Ainda neste jornal pude constatar semana passada que o mestre, amigo e escritor
Joaquim Gomes teve a feliz ideia de trabalhar, com um grupo de estudantes, um
levantamento das expressões mais usadas durante a Pandemia, que se tornaram
típicas dessa estação. Tenho certeza de que surgirá um valioso registro de um
período que nos transformou profundamente, a começar pelas palavras e
expressões.
Só
não sei se sua equipe atentou para a expressão kkkkkkkk que, usada com
extraordinária frequência nos aplicativos da Rede Virtual, teve sua utilização
multiplicada durante a Pandemia. O curioso é que, provavelmente, não deva mesmo
constar do levantamento porque nem sequer se sabe se...KKKKKKK é uma palavra.
Palavra
ou não o fato mais relevante para esta crônica é que, certamente, kkkkkkk tirou
a primazia da palavra Porra, especialmente, e sem sombra de dúvida, na escrita.
E a causa disso é, ouso dizer, justamente, essa sua indefinição. O que conduz a
nova reflexão, fortuita, mas nem por isso de menor assertividade: “A indefinição
é o mais requisitado atributo de uma expressão para que seja intensamente
usada.” Pimba!, eis que acabo de cravar uma lei para a qual os linguistas,
provavelmente, ainda não haviam atinado. Heureca!
Admitindo
esse novo postulado como verdadeiro nada como um kkkkk atrás do outro, até
mesmo porque já começa com um k atrás do outro. Estruturalmente trata-se da
utilização de um k que se repete, para sugerir um estado de bem estar que segue
indefinidamente pelo tempo que se deseja...ou não se deseja. É tão versátil,
que pode ou não continuar ao gosto do freguês.
Já
que o espaço é pouco, lembremos, de supetão, algumas de suas variedades de
aplicações:
1.Quando
se recebe de alguém uma completa idiotice , mas não se quer dizer isso a essa
pessoa.
2.
Quando se quer rir da piada enviada e quando não se quer rir.
3)Quando
se quer interromper uma conversa que se prolonga e não se quer ser indelicado.
4,Quando
se quer sair da condição de amigo(a) para namorado(a) e se joga a isca
aumentando o tom de intimidade, enviando uma piada ou uma observação picante.
Quando ela(e) enigmática, se fecha em copas, um kkkk resolve. E assim por
diante.
Fico
imaginando quantas situações delicadas, até mesmo de Estado, poderiam ser
resolvidas com sucesso se essa expressão pudesse ser introduzida em
substituição a uma infinidade de palavras inúteis. Discursos, palestras,
reuniões, teses...Como se evitaria desperdício de tempo e dinheiro se estas
fossem substituídas por 2 ou 3 kkkkk.
Como,
por exemplo, as declarações recentes repetitivas e monocórdias da OMS: Vai pra
casa, Vai pra Casa, Vai pra Casa! A troca dessa cantilena pelo kkkk
equivaleria, no frigir dos ovos, a apenas uma troca de uma dízima periódica
pela outra com a diferença de que esta última seria mais salutar e, pelo menos,
engraçada.
Entenderam
agora por que KKKKKKK virou a campeã?
José Ewerton Neto escreve às quintas-feiras para o Textual.
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