Textual
DO
JEITO QUE AS MÃES RALHAVAM
Observem como as
recomendações repetitivas e monocórdias da OMS (que um amigo jornalista chama
de Organização Mundial do Susto) se parecem com as falas de nossas mães, avós, tetravós,
não só nos seus objetivos de nos antecipar proteção como também no mesmo jeito
das suas cantilenas imemoriais.
São os conselhos
óbvios, elementares e necessários, como se estivessem ralhando com a gente, de
nossas mães. Mas, no caso da Pandemia,
ausentes de uma solução, que nunca se esperaria de uma intuitiva mãe - ansiosa
por proteger suas crias, mas, obviamente, de uma organização Global dotada de
vultosos recursos financeiros e de inteligências científicas escolhidas a dedo para
que, pelo menos em tese, fossem capazes de trazer soluções menos triviais do que
apenas exortações de fuga e recolhimento.
Na prática, repetem-se tanto
as notícias pavorosas todo dia, que nosso amigo acabou associando a OMS a uma
agência disseminadora de pavor. Sei que alguém pode contrapor, com justa razão:
“Como falar de notícias boas, se a realidade é tão cruel?” Sem dúvida, temos de
concordar com isso, mas com o passar do tempo e a ausência total de soluções é
fácil intuir que deve haver algo deletério nos alicerces dessa instituição para
que, visivelmente, exiba tanta incapacidade de conduzir e orientar soluções que
façam frente a epidemias desse porte.
Era de se esperar
estudos técnicos conclusivos sobre, por exemplo: influência do clima; remédios promissores ou nocivos;
perspectivas de curto e médio prazo etc. Mas o que sobressai são líderes
atarantados que agem como vítimas, incapazes de se pronunciarem adequadamente
sobre o manancial de dados colhidos, resumindo-se a lamentar os fatos e apontar
os dedos como se fizessem parte, realmente, de uma organização assustada e sem
rumo.
E, assim, repetem as
nossas mães sem serem dotados, sequer, do afeto e da empatia que ela possuem.
Basta comparar suas falas para vermos as semelhanças. A OMS, como mãe. O homem
do povo, como o filho que responde.
1.”Lá em casa, a gente
conversa”.
Certo mamãe OMS. Mas,
primeiro preciso, pelo menos, ter uma casa.
2.”Você não faz mais
que sua obrigação ao se proteger”.
Com certeza, mamãe OMS.
Mas se minha obrigação é a de me proteger, a da senhora deveria ser a de estar
propondo soluções, que já vão tarde. Ou não?
3.”Repete isso que você
falou”.
Quem repete todo dia a mesma
cantilena “Vá pra casa”, é a senhora. Quando vai dizer algo diferente?
4.”Quantas vezes terei
que falar?”
Não sei, mamãe OMS. Só espero
que não seja por toda a eternidade, como a senhora parece agourar. Rezo que seja
antes de morrermos todos.
5.”Se você não guardar
suas porcarias, vou jogar no lixo”.
O que aprendi mamãe
OMS, é que nós, seres humanos, não passamos de grandes porcarias, frágeis e
indefesas diante de um minúsculo vírus. Quanto a jogar-nos no lixo, a verdade é
que essa pandemia já nos jogou lá dentro há muito tempo.
6.”Se eu for aí e
achar, esfrego em sua cara”.
A senhora está falando
da máscara, mamãe OMS? Fique certa de que ela está em minha cara há tanto tempo
que não sei mais como era antes.
José Ewerton Neto escreve às quintas-feiras para o Textual.
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