Textual
A MULHER ATRÁS DA PORTA
“Ele,
então, pegou uma fita adesiva, fechou aquela caixa e nunca mais falou dela pra
ninguém”. Foi assim que a mãe de Jonas descreveu o fim do relacionamento dele
com Luísa. E arrematou: “A Luísa era uma nora boa. Muito boa. Mas não fazia meu
filho feliz”.
Luísa
e Jonas foram colegas do ensino fundamental. Juntos foram crianças, juntos
foram adolescentes e juntos descobriram os prazeres da vidinha miúda, por trás
das portas e nos quintais vazios, dentro dos carros das famílias. Juntos se
amaram antes que qualquer outra pessoa os amasse como homem e mulher. Juntos
entraram para a faculdade – ele para matemática, ela para química industrial.
O
namoro ia bem, já na faculdade. Laís e Jonas viveram intensamente a vida
acadêmica, com “a dor e a delícia” do que ela proporcionava. Formaram juntos.
Na casa de cada um, havia a mesma foto com os canudos da colação de grau nas
mãos.
Mas
Laís foi para o interior, para uma indústria de beneficiamento de minério, e
Jonas ficou na capital, fazendo mestrado. O namoro acabou aí, mesmo
sobrevivendo ainda dois anos, da forma que dava.
Esses
foram os dois anos em que, segundo dona Janice, mãe de Jonas, Luísa não fez o
filho feliz a vida toda.
Dona
Janice não ouve mais Jonas falar de Luísa porque Luísa casou com o chefe,
engenheiro-diretor daquela indústria. Mas Jonas nunca deixou de amar Luísa. Nem
Luísa de amar Jonas.
E
sempre que Luísa vem à capital, os dois se amam. De verdade.
Marcos Fábio Belo Matos escreve às terças-feiras para o Textual.
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