Textual

O MENINO E SUA BACKPACK

 

Acontecia todas as manhãs quando acordávamos, nas minhas férias do ano passado com meu filho e família nos USA.

O dia começa e a primeira coisa que ele faz é pegar sua BACKPACK (mochila) e, apressadamente, coloca-a nas costas, ela, sua amiga inseparável. A “BACKPACK” tem que fazer parte de sua rotina diária, sendo retirada somente para tomar o seu banho. Após colocá-la nas costas, ele desce as escadas para mais um dia, inicia seus afazeres matinais, como tomar seu leite, e depois sentar-se à mesa com seus pais e avós para sua primeira refeição. Logo após o café da manhã, começa mais um dia de muitas brincadeiras, sempre acompanhado de sua amada amiga. Com o sorriso sempre no rosto, a pronunciar palavras próprias da idade, e na confusão de seus vocábulos, pois sempre mistura o português com inglês, ele desce com sua BACKPACK nas costas para mais um dia de felicidade.  Nunca vi Nicholas com momentos de ira típicos de sua idade, sua maior preocupação é não deixar nenhum dos familiares “sad”, ou melhor tristes. Ele quer sempre que todos nós fiquemos “happy”, felizes. Ali dentro, uma infinidade de coisas e sonhos que ele mesmo faz questão de colocar. Não sei exatamente o significado de tudo que ali é guardado, somente sei que para ali vão sonhos, momentos de muitas brincadeiras e distração, realmente a “bag”, como costuma chamar, é uma verdadeira fábrica de sonhos e desejos.

Uma criança linda que, aos seus dois anos, leva uma vida muito saudável e esperta, vai à creche pela manhã e volta somente às cinco, já devidamente saciado pelo lanche. Após uma secção de televisão, sempre assistindo aos desenhos animados, senta-se novamente à mesa, para a ceia que, com muito amor, o Vô Cacá fez para todos, indo logo em seguida  para a brinquedoteca com a sua mãe e, logicamente, com sua companheira BACKPACK,  para as últimas brincadeiras do dia. Assim conclui o ciclo diário de muito aprendizado, imaginação e brincadeiras para, logo em seguida, escovar os dentes e   preparar-se para mais uma noite de sono e sonhos, restabelecendo-se de um dia cansativo.

Meu neto teve a graça de nascer num país de grandes oportunidades, tanto na educação quanto na segurança e saúde, dentre outras. É verdade que vez em quando um desajustado comete atrocidades, mas qual o país que não os tem?... Temos alguns que arruinaram o Brasil. Sim, a questão não é essa, voltamos a afirmar que o Nicholas e sua BACKPACK estão no lugar certo para uma época de incertezas. Esperamos, que nosso Brasil mude, e mude muito, pois o danado tem cidadania dupla e assim poderá escolher, quando adulto, qual o país que quer viver. Só espero que seja sem a famosa BACKPACK.

Voltando ao meu amado Nicholas, na sua abençoada BACKPACK encontro carros e um trem que nós trouxemos do Brasil como presente. O admirável é que, num tempo de tecnologia, no qual os eletrônicos são a marca dos brinquedos das crianças, na Bag do meu neto só encontramos carros de madeira e trens também em madeira e fricção.

E assim começa a vida do nosso Nicholas, uma criança muitas vezes independente que adora comer verduras, e que, com sua BACKPACK, inicia mais um dia, seja indo para a creche, seja ficando em casa para mais um dia de sonhos e brincadeiras. Sim, aos menos avisados, por favor, nunca ousem retirar das costas do Nicholas sua BACKPACK, isso seria um problema muito sério para quem o fizer.

Terminado mais um dia, ele com seu sotaque chama:

- Vô Cacá vem dormir com nheu.

Dito isso, nada mais me resta a não ser obedecer e subirmos para mais uma noite de sonhos.

E assim, em poucas palavras, tentei descrever meu amado neto e sua grande companheira, a “BACKPACK”. Estou até pensando em dar um novo nome para a companheira do meu neto.

 

Roberto Franklin escreve aos sábados para o Textual. 

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