Textual

LUIZA LOBO

 

          


  Sopra, do Sudeste, um vento sousandradino e, no seu bojo, traz, mais uma vez a esta terra, Luiza Lobo. A vez primeira que este vento literário soprou foi no ano de 1979, movido pela paixão poética que consumia a jovem escritora.  Veio, então, à cidade em que o bardo da Quinta da Vitória viveu, para o lançamento do seu livro Tradição e ruptura: O Guesa de Sousândrade. Jomar Moraes, outro sousandradino, ao ter em suas mãos o original de Luiza, entendeu o valor da obra e, como diretor do SIOGE (Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado), imediatamente a edita e publica, em 1979.

  Ventos continuam a soprar. Em 1982, no Sesquicentenário de Sousândrade, Luiza  vem ministrar um curso sobre Romantismo no Brasil. Já conquistada pelas praias e integrada ao espírito de São Luís, ela nos conta: “Caminhava pela rua das Hortas e ouvia um ensaio do músico Turíbio Santos, que tocaria à noite no Teatro Artur Azevedo. O som do violão, na rua ensolarada, me fazia lembrar Gonçalves Dias.”

Os anos passam, Luiza mundo afora, distante, mas não distanciada de São Luís. O contato literário se fazia intenso com a publicação de Épica e modernidade em Sousândrade (1986), Crítica sem juízo (1993) e de outras produções em que o bardo de O Guesa comparece. Em 2000, Luiza é eleita sócia-correspondente da Academia Maranhense de Letras, oficializando o que, de fato, já acontecia; em 2013, é correspondente também da Academia  Ludovicense de Letras.

   A relação literária com o Maranhão prossegue ao travar conhecimento com os estudos de Nascimento Moraes Filho sobre Maria Firmina, a primeira mulher romancista brasileira, com Úrsula (em 1859). Fez inúmeras conferências e artigos sobre os dois escritores.

Jomar Morais e Frederick G. Williams publicam as obras completas de Sousândrade, em 2003. Em 2012, sai uma nova edição com a ortografia atualizada de O Guesa, organizada por Luiza, uma edição definitiva, com introdução, notas, glossário. Uma edição completa, primorosa e, segundo a opinião abalizada de Jomar Moraes, a melhor de quantas foram feitas.

Publicou mais de 20 obras, entre contos, ensaios, traduções e romances. Mais de duzentos artigos publicados em revista nacionais e internacionais e verbetes de enciclopédias. Não daria para citar toda a sua produção aqui..

Poderíamos chamar a obsessão de Luiza por Souzândrade de uma lúcida e saudável obsessão. Ou melhor, poderíamos fazer do jeito que ela fez ao nomear Jomar Moraes de JOMAR SOUZÂNDRADE  MORAES, na edição comemorativa dos 50 anos do Mestre, organizada por Pergentino Holanda. Acho que ela está a merecer de nós o mesmo honroso epíteto: LUIZA SOUSÂNDRADE LOBO.

São Luís, 22 de agosto de 1919.

Nota: Em 9 de dezembro de 1918, Luiza Lobo recebeu o título de Cidadã Vimarense, concedido pela Câmara Municipal de Guimarães, pela divulgação d o nome de Maria Firmina, nacional e internacionalmente.

 

Ceres Costa Fernandes escreve às quartas-feiras para o Textual.

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