A REVOLUÇÃO PRAGMÁTICA DAS GENTES
A poesia é uma das
formas mais expressivas e potentes de arte, e tem sido usada há séculos como um
veículo para a liberdade de expressão e a luta contra opressões sociais e
políticas. A poesia tem sido um importante instrumento de resistência e
protesto contra regimes autoritários e injustiças sociais ao longo da história.
No contexto da
análise literária, a poesia e a liberdade são interdependentes e se reforçam
mutuamente. A liberdade permite que os poetas explorem temas, formas e
linguagens de maneira livre e criativa, enquanto a poesia, por sua vez, é uma
manifestação da liberdade individual e coletiva. Ao analisarmos a poesia,
podemos compreender como a arte reflete e molda as sociedades e culturas em que
é produzida.
O livro de poemas A
claridade da gente, de Paulo Rodrigues, expõe em uma de suas nuances,
um roteiro lúcido de experiência literárias com base na sobreposição de
elementos temporais, funcionais e de movimento. É interessante porque destaca a
noção de excesso, que se concentra, mas não acumula, escorre devido à limitação
da interpretação no tempo. O texto se expande a cada leitura, questionando
categorias e limites, mas não permanece similar em suas interpretações.
Ao mesmo tempo, a
literatura é uma obra viva e em constante evolução, pois se expande a cada nova
leitura e interpretação. A literatura é capaz de questionar as categorias e
denominações estabelecidas, bem como os limites e preconceitos, ao mesmo tempo
em que se mantém inalterável em sua essência. Essa combinação de coincidência e
impermanência é o que torna a literatura tão rica e fascinante e o que permite
que ela evolua e se desenvolva ao longo do tempo.
A construção do
texto/poema é feita através de experimentações e testes, cujos resultados são
descritos no texto e podem ser considerados como mais um teste. A representação
do teste anterior no poema pode resultar em um novo teste para o leitor, criando
uma espécie de metáteste, ou seja, que é gerado a partir da representação de
outro teste anterior no texto/poema. Este novo teste não é dirigido ao
escritor, mas sim ao leitor, que é desafiado a compreender e avaliar a
representação do teste anterior, o que amplia esta gama adicional de reflexão e
experimentação, que envolve tanto o escritor quanto o leitor.
Este livro é uma
revolução pessoal, uma revolução na poesia de Paulo Rodrigues. Cheio de
personagens, alguns históricos, outros anônimos, o que tem uma sutileza
implícita com O Livro dos seres
imaginários, de Jorge Luis Borges. A primeira leitura fez meus olhos
saltarem e o coração palpitar, e na quinta ou sexta, fiquei feliz, por estar
com um grande livro em minhas mãos. O poema O
latifúndio tem o paletó sujo de sangue é emblemático, apenas um dos tantos
que poderíamos elencar, mas por falta de espaço não se pôde.
Por sua vez, a
revolução encontrada neste livro pode ser compreendida como uma transformação
profunda nos meios de se mensurar o “status quo” da sociedade, que pode ser
política, social, cultural ou econômica. Na poesia de Rodrigues, esta revolução
pode ser compreendida como uma transformação na forma e conteúdo dos poemas,
que refletem as mudanças e no estilo como as pessoas veem o mundo, com suas
dicotomias de um conservadorismo latente.
Bioque Mesito é poeta, autor de cinco livros
de poemas publicados
Muito bom texto, e mais do que nunca nesses tempos sombrios mostrando a necessidade e importância da poesia no fortalecimento da humanidade.
ResponderExcluirExcelente texto, que passeia pela liberdade da poesia que vai da construção do poema e sua forma ao sentido do texto para o leitor.
ResponderExcluirMuito bem dito: a poesia, como toda arte, é um instrumento de manifestação do pensamento e liberdade de expressão, porta-voz dos anseios dos poetas, e caminho para não calar o combate às injustiças sociais. Wanda Cunha.
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