PATATIVA

mulher com nome de pássaro

 

Entre tantos desassossegos, o tempo ainda nos permite contemplar o belo. Quando tudo está à frente de nosso tempo, levamos o tempo que for necessário para galgar conquistas. E, num percalço da vida, é possível alcançar o que é duradouro.

Qual é o limite dos nossos sonhos? O tempo é voraz, ele passa por nós como o vento, como podemos ver nos versos da poeta maranhense Dagmar Destêrro. Às vezes, nem nos damos conta da importância dele em nossas vidas; só nos damos conta quando já é quase tarde. Mas nunca é tarde para o impossível.

Nossos sonhos nunca são tardios para se tornarem realidade, principalmente quando se tem pássaro no nome. Então, é deixar que eles voem nas asas da imaginação até alcançar um galho seguro para pousar.

Em novembro de 2014, a cantora e compositora maranhense Maria do Socorro Silva tinha 77 anos quando lançou seu primeiro álbum, Ninguém é melhor do que eu, produzido por Zeca Baleiro e lançado pelo selo Saravá Discos, do artista conterrâneo.

O álbum Ninguém é melhor do que eu foi o cartão de visitas que apresentou ao Brasil essa sambista, até então conhecida somente no universo musical maranhense pelo nome artístico de Patativa.

Decorridos cinco anos, Patativa está prestes a completar 82 anos em 5 de outubro e lança, na sexta-feira, 20 de setembro, seu segundo álbum, Sou de pouca fala. Novamente, quem viabiliza a edição pelo próprio selo é Zeca Baleiro, que divide a função de produtor do disco com Luís Júnior Maranhão, arranjador e diretor musical do álbum gravado por Patativa na cidade de São Luís (MA), com repertório autoral.

Apesar de se apresentar como sambista, Patativa é uma compositora versátil, cuja obra inclui músicas de diversos gêneros musicais.

No álbum Sou de pouca fala, a artista apresenta composições em ritmo de cacuriá (Pega maum, gravada com as participações de Rosa Reis e Camila Reis), mina (No pé da minha roseira) e xote (Não faço nada sem poder, registrada por Patativa em dueto com Zeca Baleiro). Além da edição digital, o álbum Sou de pouca fala será lançado também no formato de CD.

Podemos dizer que nós, mulheres, sempre tivemos dificuldades para adentrar o mundo acadêmico, literário e cultural (que sempre pertenceu aos homens). As razões? Melhor não buscar uma única resposta, porque talvez as respostas sejam muitas, infinitas. No entanto, Patativa, com todo o seu carisma e talento, soube, como ninguém, abrir "brechas" e entrar, sem pedir licença, e, por aqui, deixou um legado que, com certeza, nos orgulha por sua força e coragem. E, “sem nenhuma vergonha ou pudor”, soube exercer seu papel de artista única.

Mas foi nesta madrugada que essa mulher, que carregava na identidade o nome de um pássaro, voou para bem longe, levando a brejeirice e a alegria em cada nota de seu canto, que, como por encanto, ecoará no além, ao lado de seu Criador, aquele que sempre esteve a seu lado.



 

Linda Barros é escritora, atriz, membro

da Academia Poética Brasileira 

Comentários

  1. Merecida homenagem a esta que soube honrar a música e a cultura maranhense.

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  2. Maria do Socorro Silva, a compositora conhecida como Patativa, merece todas as homenagens, ainda mais uma homenagem especial como a de Linda Barros. Que venham outras!... Wanda Cunha

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  3. Minha conterrânea era um exemplo de que não temos idade definida para alcançar um objetivo. Vá com Deus

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  4. Com um texto cheio de asas de palavras, Linda Barros homenageia PATATIVA que, além do pássaro no nome, possui pássaros na boca, na língua, na voz e na alma. Por isso, com seus voos musicais, PATATIVA sempre nos encantou com sua seriedade, sinceridade e humildade (no bom sentido) artistica. E, agora, Linda Barros dá asas às palavras para para encantá-la de ETERNIDADE!

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