SÉRGIO HABIBE
um poeta da canção brasileira
Lá pelos anos 1970,
em meio ao fervor criativo que agitava São Luís do Maranhão, surge um jovem
artista que desde cedo mostrava que sua relação com a música não era só de
ouvido, mas de alma. Sérgio Habibe, nascido na poético-histórica Rua de Nazaré
em 1949, filho de libaneses, começa a dar suas primeiras braçadas na imensidão
sonora da MPB, e logo se destaca como um dos mais poéticos e inventivos
cantores e compositores do Brasil e do Maranhão.
Nos festivais de
música popular que sacudiam a ilha, seus primeiros prêmios já sinalizavam: ali
estava alguém com um universo próprio, cheio de mar, cidade, peixes e frutas, um
lirismo saboroso, temperado com talento de sobra.
A lapidação veio com
o violonista João Pedro Borges e, mais tarde, com a residência na Escola
Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Mas Habibe queria mais: queria coletivo, queria
arte em movimento. E foi com outros inquietos sonhadores que fundou o Laborarte
(Laboratório de Expressões Artísticas), que virou referência na valorização da
cultura popular maranhense.
Nos anos seguintes,
o Brasil reconheceu esse artista de asas longas: a Funarte e o Ministério da
Cultura o convocaram para integrar a caravana do Projeto Pixinguinha. E em
plena efervescência cultural, ele aterrissou no programa “Boca a Boca” da TV
Record, cantando para um país inteiro.
Depois veio o voo em
dupla: ao lado de Chico Maranhão, rodou o Brasil com o espetáculo I Love You,
em homenagem a Noel Rosa. E sim, a França também se rendeu: Habibe levou sua
poesia sonora até Paris, como parte do projeto França-Brasil.
Mas sua presença no
coração da música brasileira já estava eternizada desde 1978, quando a canção
“Eulália” brilhou no disco Bandeira de Aço, de Papete, uma verdadeira relíquia
da MPB lançada pela gravadora Marcus Pereira.
Nos entrelaços
musicais da vida, formou parcerias marcantes, como com Cláudio Nucci, de onde
nasceu a bela “Dia de Será”. Músicas suas foram gravadas por grupos como o Boca
Livre, comprovando que seu violão e sua palavra ressoam em muitos timbres.
E o tempo só o
deixou mais criativo: em 2024, no auge dos seus 75 anos, Habibe lança Canções
de Mar e Cidade – vol. 1, produzido por Zeca Baleiro. O álbum, um mosaico com
21 faixas, traz participações estreladas como Rita Benneditto, Tatiana Parra,
Verônica Sabino, Zé Renato, Ana Amélia, Josias Sobrinho, Chico Saldanha e o
próprio Baleiro. O projeto foi idealizado em 2022 pelo saudoso poeta Celso
Borges, seu parceiro de tantas travessias, com coprodução de Luís Jr.
E como se não
bastasse, vem aí um livro com histórias, entrevistas e partituras, um mergulho
generoso em sua vida e obra.
Sérgio Habibe é
desses artistas raros, que carregam a cidade nos acordes, o mar nas metáforas e
a poesia nos bolsos. Um compositor que segue reinventando a canção como quem
caminha entre becos, escadarias e trilhas de mata, ouvindo o canto dos
pássaros, o rumor das águas e o silêncio das palavras antes de virar verso.
Sérgio Habibe é o
nosso entrevistado da Revel.
Bioque Mesito Sérgio Habibe, como é chegar aos 70 anos com essa chama artística
ainda tão acesa? Sentes que compões diferente hoje do que quando começaste?
Sérgio Habibe Então, criar, escrever, não envelhece. E quando você tem a chama,
você sempre vai compor, vai cantar, mesmo que a voz esteja mais frágil, mesmo
que escrever se torne mais difícil, a poesia e a canção sempre estarão comigo.
Como sempre estiveram desde os meus dez anos de idade, quando eu me descobri
cantando, sendo um "cantorzinho" que minha tia colocava para cantar o
que ela queria ouvir. Essa história toda foi se desenvolvendo de forma que...
até hoje, eu me sinto capacitado para continuar escrevendo, para continuar
cantando, porque essa magia de ser ainda essa pessoa que eu sou... ainda não se
apagou dentro de mim.
Eu me sinto ainda
com o mesmo fervor com que comecei a amar a música, a escrever a música dentro
de mim, quando ela me despertou. A música chegou para mim, foi ela que chegou
para mim, e disse: você vai cantar, você vai compor. E aí eu comecei a
fazer tudo isso que faço até hoje. Claro que, com o passar do tempo, fui
estudando mais. Fui estudando música, fui para o Rio de Janeiro estudar, e a
minha técnica se desenvolveu. Comecei a compor de outra forma, mais elaborada.
As composições... as letras foram surgindo mais elaboradas. Mas eu trazia isso
tudo dentro de mim, porque eu vivi tudo isso.
Quando eu canto
“Panaquatira”, quando eu canto “Eulália”... são músicas que eu trago de
pesquisas, de conhecimento de ocasião, de bairros, da cidade, que me contam
todas essas histórias, sutilmente, e que eu vou trazendo para o público. Eu sou
apenas o vetor disso tudo. Eu capto o que a cidade respira e me conta, e conto
para as pessoas na minha linguagem.
BM Tu sempre disseste
que foi a música que te puxou pela mão. Mas lembras quando ela te puxou pela
primeira vez? E como foi esse encontro?
SH Existia, e ainda
existe, porque ele é "imorrível". Os grandes cantores, os grandes poetas, não
morrem. Eu cantava uma música que aprendi quando eu tinha entre oito e dez
anos. Minha tia... nós morávamos no Olho d’Água, e ainda se usava o petromax. À
noite, ela colocava um banquinho e falava: — “Sérgio Roberto!” (Eu também sou
Roberto...). — “E agora com vocês: Sérgio Roberto!”. Eu sabia algumas músicas,
mas a que eu mais gostava de cantar era uma que o Cauby Peixoto gravou, aquela
assim: “O amor é uma pérola rara...”. Minha tia morria de rir, aplaudia
e dizia: — “Vocês acabaram de ouvir o grande cantor Sérgio Habibe!”. E isso foi
ficando em mim, sabias? Cantor Sérgio Habibe... e tudo mais.
Logo depois, entrei
para o boizinho de dona Camélia, o "Viveiros", mãe de Chico Maranhão,
onde fui desenvolvendo outro tipo de arte, de observação, das brincadeiras
folclóricas que ela fazia a gente dançar e cantar. Essa maravilha toda, no
Teatro Arthur Azevedo. Fui um dos primeiros a atuar no Arthur Azevedo, com doze
anos, cantando e me apresentando no boizinho de dona Camélia. Essa história
todinha... a música realmente pegou na minha mão e disse: — “Vambora! A hora é
essa!”.
BM Alguma vez uma
melodia chegou antes da palavra, ou foi a palavra que veio primeiro? Como
nascem tuas canções?
SH Eu sou um compositor
que, hoje, compõe sem precisar do instrumento. Mesmo porque tenho um problema
na minha mão direita que me impossibilita de tocar. Como trabalhei durante
muito tempo com publicidade, desenvolvi uma velocidade de composição que não
depende do instrumento. Se você me der uma letra... de um parceiro, por exemplo,
eu coloco a música na mesma hora, porque tenho uma velocidade muito grande, uma
facilidade de escrever a música em cima da letra.
Agora, quando eu
mesmo faço a letra, levo um pouquinho mais de tempo, porque sou uma pessoa
muito cuidadosa... de "colar" a melodia em cima da palavra certa. Às
vezes, você faz uma letra que acha muito boa, mas a melodia precisa ter uma
força igual ou até maior do que a palavra, para que ela não naufrague. Para que
a palavra não naufrague com a música, ou a música com a palavra. Tenho
facilidade para compor tanto uma quanto a outra. Mas gosto muito mais quando eu
escrevo a letra e vou colocando a melodia por cima.
BM "Panaquatira",
"Ponteira", "Eulália"... Tuas músicas são quase mapas
afetivos do Maranhão. Qual dessas canções tu dirias que é a mais
autobiográfica?
SH Amigo... para mim
todas essas três... e tem outras, e muito mais, que são realmente
representativas. “Ponteira” foi uma música que gravei junto com “Panaquatira”
em um disquinho, que não era nem disco, nem CD, era só uma “bolachinha”,
primeiro assim que a gente fez. “Panaquatira” tocou em São Luís como nada,
tocou muito em Brasília. Ela é uma música muito bonita, tem muito de mim,
porque eu vivi esse momento todo de “Panaquatira”. Como uma pessoa que gosta
muito do mar, que pescou e pesca ainda muito, e que está vivendo sempre na
fímbria do mar. Uma coisa que sou apaixonado é viajar de barco para pescar e
relaxar e tudo mais. “Ponteira” foi uma música que foi às costas de
“Panaquatira” nesse disquinho.
“Eulália” é um...
vamos dizer assim... foi um achado. Porque eu encontrei “Eulália” na Madre
Deus. E essa história de “Eulália” é assim... de eu contar... porque eu ouvi
uma mulher falar para a pessoa que estava no boi, que ia para o boi, que ia
sair dali para ir para outro lugar, que ela falou: “Mas você vai embora, vai me
deixar com uma criança na mão e outra na barriga aqui? Você não pode deixar o
boi ir e ficar hoje aqui?” Ele disse: “Quá Eulália?” (não era Eulália, eu que
apliquei, diz Sérgio Habibe). Então, ele disse novamente: “Eu vou com o boi.
Pode ficar, que eu vou com o boi. Eu não vou largar o boi.” “Eulália” tem essa
frase lá dentro: “Quá Eulália, esse boi me leva.” E a música me levou.
BM Já viveste momentos
fora do Maranhão, inclusive no Rio, mas voltaste para a ilha. O que São Luís
tem que nenhum outro lugar consegue te dar?
SH Sinceramente, é a
magia dessa cidade. Ela me transforma, me coloca em um outro mundo. Ela me leva
para uma situação onírica, de sonhos com coisas que eu vejo e antevejo, que eu
vivo, como se eu tivesse já vivido em tempos outros. São Luís é isso. Ela me
surpreende com momentos que eu nem sei te explicar direito como isso acontece
comigo. Parece uma coisa que eu enxergo depois ou antes de mim. Por conta de
contos que me contavam. De coisas que eu via no pé de fogueira no Olho D’Água,
dos Pretos-Velhos conversando e contando histórias, e outras de Cavalacanga, de
Curupira, de Saci Pererê... Todos esses elementos me ajudaram a compreender
essa cultura popular do Maranhão. As parlendas... coisas lindas que se
infiltraram, se embrenharam em meu inconsciente. Eu guardei. Quando eu vejo,
estou escrevendo sobre isso.
BM Tua música é
carregada de poesia. Já pensaste em publicar um livro só com letras comentadas,
bastidores e histórias dessas composições?
SH Sim. Claro que já pensei,
e isso não é de hoje. Eu não vou comentar sobre isso. Eu vou franquear isso
para uma pessoa que queira realmente fazer esse trabalho. Eu cedo todos os
poemas, que são poemas que já são musicados. E a pessoa vai escrever sobre
esses poemas, vai fazer uma análise sobre os poemas e tudo mais. Isso eu não
sei fazer, eu sei escrever isso, mas analisar esses poemas, me autoanalisar,
sou um pouco fora desse eixo. Então, entrego a quem interessar queira fazer
esse trabalho.
BM Ao longo da tua
carreira, certamente houve encontros marcantes. Qual parceria te surpreendeu ou
te ensinou algo que tu levas até hoje?
SH Parceiros eu sempre
tive muito poucos. Mas tiveram parceiros marcantes na minha vida, como o poeta
já falecido Valdelino Cécio, com quem nós temos algumas músicas que são ícones
dos meus discos, que já gravei dele. Ainda posso falar de Raique Macal (que é
um subtítulo de Raimundo Marques, que mora em Brasília), com quem compusemos
muitas músicas bonitas. É um dos grandes parceiros que tenho ainda vivo, ele é
um grande poeta e uma referência para mim.
Já gravei músicas
com Gerude, Ronald Pinheiro, com Nonato Buzar, Cláudio Nucci, Juca Filho, que
me surpreendeu também. Acho, assim, que cada parceiro tem uma particularidade,
tem uma forma de entrar na minha vida, me surpreender, todos são muito
importantes.
BM Tens alguma história
pitoresca ou inusitada de palco, daquelas que só a estrada musical proporciona,
e que tu nunca esqueceste?
SH Tem várias. Tem uma
com Zezé da Flauta que é muito engraçada. Nós fomos fazer um show no Piauí, e
eu falei para ele: “Zezé, não bebe hoje que vamos ter um show que vai começar
às 20 horas”. Deu sete, deu oito, e ele não chegou. Aí, começamos o show sem ele.
Uma parte do show era a abertura da flauta dele. Quando ele chegou, queria
entrar no palco e disse que poderia ficar ali, mas não iria tocar mais. Ele
entrou na marra e começou a tocar completamente alcoolizado, se balançando no
palco. Então, vi a primeira fila do Theatro 4 de Setembro, no Piauí, se deslocando
para trás, e ouvi um cara dizer: “Vamos sair daqui, uma hora ou outra ele vai
vomitar e vai vomitar todo mundo aqui”. Eu ri muito. Não sei como ele conseguiu
tocar aquela flauta.
Outra. No último
show que a gente fez, Quatro 70, todo mundo com mais de 70 anos (eu vou fazer
76 anos), não tinha uma cadeira para a gente sentar. Eu falei: “Um show que vai
demorar mais de uma hora... idosos... idosos... inclusive eu sou um idoso, tem
que sentar, porque não vai aguentar ficar em pé o tempo todo”. Então eu
reclamei, pois não tinha uma cadeira no palco. O povo começou a rir. Uma hora
tive uma folga para ir nos bastidores, atrás das coxias, e arrastei uma cadeira
até o palco. Aquilo foi motivo de uma “risadaria” no teatro muito grande.
Porque eu vim com uma cadeira e disse: “Agora sim, agora vou poder tocar uma
música para vocês. E descansar as pernas, porque eu já estava muito cansado”.
Porque o show sempre
te leva a uma tensão muito grande, você trabalha o show antes do show, tem essa
coisa toda. Pois é, essas duas eu lembrei. Tem várias, mas deixa essas duas.
BM A gente sente que
tuas músicas não falam só do Maranhão, mas tocam algo universal. Tu pensas
nisso ao compor ou deixas a canção seguir o próprio destino?
SH Você não pode frear
a canção, a criação, não pode. Se ela tomar uma bandeira... e não ser uma
música, uma letra totalmente regional, se eu quiser universalizá-la, é uma
história muito interessante... minha cidade é muito mais que minha cidade, ela
é o mundo. Quando ela é criada, vai para todos os lugares do mundo. Basta eu
colocar essa música, essa obra, para viajar. Então, ela não é essencialmente
regionalista, apesar de ter quase todos os elementos da minha região.
Quando eu falo de
peixes, da floresta, da fauna, da flora, coloco muito disso aí... Sinto que não
é regional, porque isso existe em todos os lugares do mundo, esses mesmos
elementos, com particularidades, alguns elementos que só existem aqui. Eu te
confesso que a minha música viaja para longe, para onde ela quiser. Eu a
acompanho, porque, como já te disse, “eu sou um vetor”. Ela vem, me incendeia,
me conta as histórias, e eu vou escrevendo e cantando.
BM Como observas a
relação entre música e política no Maranhão? Achas que o artista ainda tem
espaço para questionar os desmandos políticos em nosso estado ou em nosso país?
SH Acho que um artista
pode até ter um espaço... um alternativo, em uma imprensa alternativa. A
imprensa que faz parte do governo não quer entrar em contradição publicando
protestos de artistas, ela não quer que isso aconteça. Praticamente não põe no
ar, não divulga ou então distorce protestos de artistas contra o governo do
estado. Essa é que é a grande verdade.
Parece até que a
gente volta para o período da ditadura, em que não se podia falar nada. Então,
se você quiser falar alguma coisa, tem como subir no palco e dizer: “Estamos em
uma política cultural muito pobre, estamos ganhando quase nada, estamos mais devendo
do que recebendo”. Essa é a grande verdade da cultura, dos nossos artistas, no
qual eu me incluo também.
Existe pouco
investimento para a cultura popular e para os artistas no Maranhão. Nossa
cultura é muito respeitada pelo povo e poderia ser mais valorizada pelos
governantes. Por exemplo, eu quase não consegui fazer um show no São João. Eu
fiz apenas um. Enquanto outros artistas que vêm de fora fazem três, quatro
shows, vão para todos os lugares e ganham rios de dinheiro. É isso aí, é
difícil, é uma coisa difícil, não é fácil.
BM És um artista que
faz da escuta uma forma de criação. Ainda há silêncios que tu queres
transformar em música?
SH Eu tenho a impressão
de que todo artista tem que ter ouvidos para tudo que é movimento — seja
musical, seja falado, seja na rua, seja onde ele estiver. Sempre haverá uma
força que vai chamar a atenção dele, e ele, como poeta, como músico, vai acabar
vendo uma oportunidade de escrever alguma coisa, de compor alguma coisa, de se
surpreender com uma palavra, como aquela: “Quá, Eulália, vou atrás desse boi”.
Isso foi uma coisa que eu ouvi e que se transformou em uma canção chamada
“Eulália”.
Sobre o silêncio...
o silêncio é uma grande música, ela é tocada dentro de você, você percebe ela.
E sabe que o silêncio... o próprio silêncio já é uma música.
BM A cultura popular
maranhense pulsa nos teus versos, mas de forma sutil, sofisticada. Como
dialogas com essas raízes sem soar repetitivo ou folclórico?
SH Em 1970, nós
fundamos o Laborarte. Então, nós fazíamos pesquisa da música, do teatro, da
fotografia, de tudo que é popular do Maranhão, mas não queríamos ser uma
retenção do popular. Nós gravávamos todo esse material no Laborarte e cada
departamento trabalhava em conjunto para transformar isso em uma linguagem
universitária, onde a gente pudesse apresentar espetáculos que falassem da
música, do teatro popular, da dança popular, sem fazer exatamente como o
original, como acontece com os cantadores, com os brincantes, com os tambores.
Nós fazíamos uma leitura nossa para trabalharmos em nossa linguagem.
Com isso, a gente
aprendeu a falar da cultura popular com a nossa linguagem, com a nossa verve,
ou seja, da forma como a gente percebeu, estudou e transformou, para que outras
pessoas ouvissem e assistissem e lembrassem que isso vem da cultura popular, mas
é uma linguagem nossa. Assim, eu transformei a minha poesia. Transformei a
maneira de ver e escrever os meus versos sem ser piegas, sem ter que copiar
ninguém. Eu estava fazendo uma leitura da cultura popular e escrevendo da
cultura popular com a minha forma de escrever.
BM Se uma criança
chegasse para ti e dissesse: "Quero ser artista como tu és", o que tu
responderias?
SH Não tenho precisão
sobre essa resposta. Cada pessoa é uma pessoa. Nem sei como ele poderia
perceber toda essa leva de sentimentos que vão acontecer com ele no momento em
que começar a conviver com a arte, com a música, com o teatro, com a pintura...
De repente, ele não vai ser um músico; pode ser um grande ator, um grande
pintor, um poeta...
Então, é esperar o
que vai acontecer, porque existe uma evolução muito grande dentro da gente
quando vibramos com esse sentimento da arte, que ele te possui, que ela te
encontra. Aí, tem que se descobrir o caminho que vai seguir ou para onde ela
vai pegar na tua mão e te levar. Você vai para cá, aí você vê: é isso mesmo!
Você pode ser um grande músico, um grande compositor, um bom ator, um bom
fotógrafo, um bom artista... É isso. Eu não posso nem imaginar, porque eu nunca
imaginei que chegaria onde cheguei. Vai procurar teu caminho, estudar,
perseguir teu sonho.
Sérgio Habibe é uma das maiores referências da minha geração. Como compositor, letrista, músico, um talento grandioso e espraiado numa dimensão humana e pessoal que sempre mereceu carinho, e respeito pela grandeza humana e artística que o distinguem. Tive a honra e o privilégio de pertencer a uma geração que tantos talentos e valores entregou a nosso estado e particularmente à nossa Ilha Encantada. É uma alegria muito grande ser amigo de um ser tão especial e cativante quanto Sérgio Habibe.
ResponderExcluir