“A ATRIZ
ÍTALO-TUNISIANA CLÁUDIA CARDINALE FOI DA ÉPOCA DE OURO DO CINEMA...”
A primeira vez que usei esse título em uma crônica aconteceu quando faleceu
em 2020 a eterna miss Brasil Marta Rocha, que durante muitos anos foi sinônimo
nacional de beleza. Esse texto está no livro A verdadeira história de tudo e
tudo mais, entre outras homenagens-biográficas resumidas.
Depois, o mesmo título foi usado para Alain Delon em 2024 e, agora, vai
para Cláudia Cardinale, ambos ex-atores de cinema.
A atriz ítalo-tunisiana Cláudia Cardinale é da época de ouro do cinema,
quando este representava bem mais que a mera representação de um filme. Mais
que isso, era um prolongamento das vidas dos espectadores em direção à ilusão,
o glamour e a sedução.
Quando soube de sua partida definitiva, compartilhei com amigos e
escritores o fato de que, das 5 estonteantes divas da época a beleza já morrera
em Marylin Monroe, Elizabeth Taylor e, agora, em Cláudia Cardinale —
permanecendo vivas, Brigite Bardot e Sofia Loren. Esta (para mim) a melhor
atriz, e também a mais bela entre todas.
Claudia Cardinale, que jamais chegou a ser uma atriz do porte de Sofia
Loren e, nem mesmo, de Elizabeth Taylor, teve atuações marcantes em filmes
inesquecíveis de grandes diretores como Era uma vez no Oeste e O leopardo,
quando contracenou com Burt Lancaster — fita tão grandiosa quanto o romance que
a originou, baseado em título do mesmo nome sobre a decadência de uma nobre
família italiana.
Não há outro adjetivo que se cole mais à sua performance que não seja a
pecha de “deslumbrante” quando movia seus traços fisionômicos a favor de sua
desenvoltura teatral, em incursões arrasadoras.
Morreu em 23 de setembro de 2025, aos 88 anos, e deixa mais uma vez a
sensação melancólica e desoladora de morte da beleza — esse atributo físico
humano que Montagne afirmou ser apenas “...a promessa da felicidade”
Torço para que tenha sido assim — pelo menos enquanto durou, como disse o
poeta Vinícius de Moraes — para alguém que a carregou com tanta desenvoltura.
Infelizmente, as belezas também morrem — não só as físicas — e, quando se
vão, morre também um pouco da ilusão e do
sonho de cada um dos que ficam.
José
Ewerton Neto é poeta, escritor, membro
da Academia Maranhense de Letras
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