PEDRO PEREIRA LOPES

entre palavras e mundos



Pedro Pereira Lopes nasceu em 1987, na província da Zambézia, Moçambique, mas o mundo sempre pareceu-lhe pequeno demais. Estudou Políticas Públicas em Pequim, atravessou continentes, fronteiras e mapas mentais, e hoje ensina e pesquisa na Escola de Governação da Universidade Joaquim Chissano, em Maputo. Escreve poesia, contos, microcontos, romances, e parece encontrar na palavra a resistência e a liberdade que a burocracia nunca deu. Seus livros, infanto-juvenis ou para adultos, espalham-se como pequenas explosões de singularidade. Recebe prémios aqui e acolá, mas nada disso apaga a sensação de que escrever é, sobretudo, estar vivo em cada letra.

Em cada página, Pedro parece brincar com o mundo, com a linguagem e com os próprios leitores. Fundou a Gala-Gala Edições, porque criar espaço é um gesto de revolução silenciosa. Cada livro seu é um universo, um risco, uma dança entre o íntimo e o coletivo. Ler Pedro é perceber que até as menores peculiaridades, um nome, uma rua, uma cor de céu, carregam uma ontografia própria. Seus microcontos e poemas são mapas de infinitos possíveis, onde a vida cotidiana se dobra em surpresa e vertigem.

E talvez seja isto: a escrita de Pedro Pereira Lopes é um manifesto das singularidades, uma celebração do instante e do corpo, do olhar que tropeça e reconhece. Entre cafés, ruas e encontros, suas palavras vivem, respiram e nos lembram que a literatura não precisa de máscaras nem de protocolos. Ela precisa apenas do risco de ser, da alegria de existir, da coragem de registrar o mundo sem dó nem piedade. Cada livro, cada verso, cada projeto é um convite: mergulhar na experiência única do humano, onde a política, a poesia e a vida se confundem e se transformam.

Pedro Pereira Lopes é o nosso entrevistado de hoje da Revel.

 

Bioque Mesito Pedro, como a sua formação em políticas públicas influencia a sua produção literária, especialmente na abordagem de temas sociais e políticos na sua poesia e prosa?

Pedro Pereira Lopes Sou formado em Administração e Políticas Públicas. Foi tudo fruto do acaso. Não sei, gosto de pensar que a minha formação em políticas públicas deu-me a visão forense. Mas a literatura, essa, ofereceu-me o bisturi, a mão que escava a terra onde o relatório já não chega. Entre o ferro frio das leis e a carne viva da cidade, a literatura é a única morada possível. É nela que o decreto, com a sua tinta gélida, se transforma em pão ou em fome, em justiça ou em desespero, sobre a pele do povo.

Quando escrevo, não se trata, veja bem, de cartografar a política. Busco as suas consequências. A corrupção, a guerra, o tempo que nunca mais chegou. Tudo isso não são temas de um debate, mas as fissuras abertas, as cicatrizes que a sociedade carrega como o seu brasão. A minha escrita é o acto de olhar para a ferida, sem a ilusão de a curar. É o retrato da tragédia quotidiana, a certidão de nascimento da miséria que, na sua crueza, é a única verdade.

BM A tua obra dialoga com a realidade sociocultural moçambicana pós-guerra. Como essas experiências moldaram a sua identidade literária?

PPL A realidade, essa, não foi pano de fundo, mas argamassa da minha escrita. O cimento de uma guerra que não acabou na paz. As cicatrizes abertas, o rumor das desilusões silenciosas e a resiliência do povo, tudo isso não moldou apenas os temas, mas o próprio tom e a urgência da minha voz. Creio.

É da complexidade desses escombros que a minha identidade como escritor se ergue. Não é uma escolha, mas um destino, uma imposição. A minha escrita não nasce para decorar, mas para testemunhar a dor e a teimosia de uma esperança que se recusa a morrer. É uma forma de resistir, de existir, de prever um possível futuro numa terra onde sonhar, estudar e comer não é para todos.

  o homem existe dentro da fraude


1.

Sala nua

incenso e álcool no ar

a cabeça toda no ar

não se pode ver o homem


2.

Há um assobio de veludo –

sala nua e o ofício do sono

a lápide sobre os joelhos

não se nota o homem imenso


3.

O homem é um gnomo

fechou ciclos abriu ciclos

foi Li Bai na lua da Apollo

é só promessa para vilão


4.

Sala nua

dentro do homem fala O Deus

o incenso pesa e o álcool é frio

o homem existe dentro da fraude
(Pedro Pereira Lopes)

BM A crítica literária moçambicana ainda é incipiente, especialmente no campo da literatura infanto-juvenil. Como você enxerga esse cenário e as suas implicações para escritores iniciantes?

PPL Sim, a crítica literária moçambicana, no geral, é quase um deserto de pedras. Não existe uma ‘crítica’ propriamente dita; o que temos é uma manifestação ocasional da crítica, seja ela académica ou jornalística. Esta ausência de um eco, este vácuo que se alastra, impede o florescimento do diálogo. É um abismo que devora a vitalidade de um corpo que se queria robusto.

Para o escritor iniciante, a implicação é brutal. Sem o espelho crítico, o processo de amadurecimento é solitário e incerto. Não há quem aponte os caminhos, não há quem desafie as certezas. Perde-se a oportunidade de esculpir a voz, de a encontrar no meio de um coro maior. Infelizmente, esta ausência pode levar talentos promissores a murchar por falta de um olhar que os provoque ou os celebre.

 BM Você se refere à sua geração como “pós-Charrua”. Que características literárias e temáticas definem esse grupo e o diferenciam da geração anterior?

PPL A minha geração, herdeira da Charrua [para alguns, trata-se mesmo de ‘continuidade’], respira o ar rarefeito de um país que já sangrou. Agora, em suposta paz, defronta-se com o fardo das cicatrizes invisíveis de uma guerra civil, que, de certo modo, não acabou [falo, por exemplo, da presença da insurreição islâmica no Norte do país, em Cabo Delgado]. Se a Charrua, com a sua vitalidade pós-combativa, se esventrou sobre a gestação e o falhanço de um sonho colectivo, do socialismo, da ideia de nação e do ‘homem novo’, nos coube a tarefa de perscrutar os escombros, de entender a poeira que assentou sobre as promessas não cumpridas e os traumas não curados.

As marcas literárias que nos definem são por isso mais um mergulho para dentro, menos preocupadas com o grande fresco histórico ou heroico, e mais focadas na microfísica do quotidiano, na psique fracturada do indivíduo.

A nossa abordagem, penso, é menos ideológica e mais existencial, explora a corrupção do espírito, a memória silenciada da violência e as novas desigualdades geradas por um capitalismo selvagem apressado. Não se trata de retórica combativa, mas da busca pela anatomia da dor e da complexidade do silêncio.

BM Autores como Noémia de Sousa, José Craveirinha e Luís Bernardo Honwana são citados como influências. De que forma esses escritores aparecem, direta ou indiretamente, nos seus textos?

PPL Sim, algumas das influências, mas eu ecléctico quando se trata de ‘tradição literária’. Ainda assim, os nomes que evoca são pilares da nossa literatura, são faróis que iluminaram e ainda iluminam as sendas da literatura moçambicana. Não se trata de uma mera homenagem, mas de uma herança inegável.

Nos três reside a fundação de uma escrita que ousou olhar para dentro, para as feridas abertas da alma colectiva, para a dignidade do oprimido e para a visceralidade de uma terra em ebulição. A sua coragem de nomear a dor, de celebrar a identidade e de questionar as estruturas é o solo árido onde muitos de nós, pós-Charrua, continuamos a semear.

Na minha lavra, essa presença manifesta-se no peso que a palavra adquire. De Craveirinha, talvez a veia aberta para a denúncia e o cimento que celebra a humanidade que resiste; de Honwana, o mergulho na complexidade psíquica dos que a opressão violou e a subtileza do olhar que vê a sombra na infância. E de Noémia, a voz que canta a resistência e a resiliência da mulher moçambicana. São vozes que ecoam, não como imitação, mas como a própria respiração da nossa tradição literária.

 BM Na sua obra ‘a invenção do cemitério’, há uma tentativa de experimentar contos breves e satíricos. Qual foi sua intenção estética e política com esse livro?

PPL Talvez não tão breves como os de “O Livro do Homem Líquido”, os quais são micro contos. No fundo, eu sinto que a minha inclinação satírica não é um capricho estilístico, mas uma necessidade estilística. Talvez seja a forma mais interessante de dizer/ escrever as coisas.

A brevidade é a lâmina que corta, que destila a essência da realidade em poucas linhas, como sugere o Ungulani Ba Ka Khosa, é um trote mais preciso, enquanto a sátira se torna o bisturi para esventrar as hipocrisias sociais com a força de um riso cítrico que sangra a verdade.

‘Intenção política’? Não sei se tive uma e talvez esteja a parecer incoerente, mas sempre prezei a ideia de ‘arte pela arte’. Ainda assim, o livro não é um espelho, mas um retrato fiel e cruelmente deformado das disfunções de uma sociedade. O cemitério, essa nossa ‘invenção’, simboliza os lugares onde a cidade enterra os seus vivos: os ideais, as promessas e a dignidade humana, tudo sob a égide de uma burocracia sem alma ou de um poder complacente. É a minha forma de nomear essa corrosão, essa morte lenta do espírito que se recusa a ser calada.


BM Como você interpreta o conceito de ‘moçambicanidade’ na literatura contemporânea e quais são os desafios para sua consolidação no contexto atual?

PPL A ‘moçambicanidade’, essa palavra que se diz com o peito cheio, não é, a meu ver, um conceito estático. Não é uma bandeira que se estende, mas um campo de batalha onde as almas se defrontam com a terra. A sua substância reside na crueza das contradições que a guerra nos legou, na resiliência quotidiana que se faz de pedra e de pó, e na fragilidade das identidades individuais, perdidas num colectivo que ainda não se soube encontrar. É uma busca incessante, por vezes dolorosa, pela alma de um povo que se recusa a ser um só.

Os desafios à sua consolidação corroem a sua fundação. Por um lado, a globalização que nos impõe um rosto que não é nosso, que dilui o que tínhamos de mais particular. Por outro, as fendas internas — políticas, sociais e económicas — que persistem em fragmentar o corpo da nação que, no ideal de Samora Machel, o primeiro presidente do país, ainda estamos por alcançar. A actual ‘moçambicanidade’ não é uma ideia de paz, mas de uma trégua que se quebra com o ruído de cada promessa não cumprida.

A corrupção e a desigualdade, continuam a esfacelar a própria base de um destino comum. Elas impedem a coesão de uma identidade colectiva, fazendo da ‘moçambicanidade’ mais um lamento do que uma celebração. A voz que deveríamos ter para cantar a nossa glória torna-se, em vez disso, um sussurro acre, uma elegia a um sonho que ainda não sabe se está vivo ou se já foi enterrado.

 quatro quadras das bordas estreitas do coração


a-

um colibri não hesita – os beijos são sempre melhores

do que os melhores – o amor funda-se à socapa

o tempo a correr sempre a correr faz quilómetros

faço pontaria – há suor ou néctar na imitação do Éden


b-

num dia soltou-se o solstício em fiapos no teu rosto

e mesmo marcado pela cama que se faz sobre o teu corpo

soube afinal da vertigem que é adentrar em tal zepelim

deus nenhum é louco bem-fadar assim um zé-ninguém


c-

as cortinas do amor caem com o sol em falta no sol

não é amor o amor achado dentro do instantâneo infinito

e para quem não é dado a dados e promessas de dedos

cuidar de leve das memórias impõe muito mar


d-

três gins e desejos já Marte é destino – a sede amiúde cede

desatino: a saudade só não é arte por conta de sua brevidade

é ressaca e passa logo e mais dias “o homem está na cidade”

“o coração [está] disparado/ pisoteia-lhe a flor” – diz para si. (Pedro Pereira Lopes)

BM Você afirma que a tradição oral não deve ser vista como algo exclusivo ou redutor das literaturas africanas. Qual é, então, o lugar dessa tradição na sua obra e na literatura nacional?

PPL Não gosto é da ideia da ‘tradição oral’ ser uma camisa-de-forças para as literaturas africanas, muito menos um exotismo a ser exibido. Reduzi-la a isso seria ignorar a sua natureza, ou a natureza da própria literatura; seria negar, também, a cultura e a literatura de outros povos. Assumir que a literatura africana é baseada na ‘oralidade’, ou que é ‘fruto’ dela, não diferente de aprisionar a escrita africana num passado estéril. É uma ideia muito eurocentrista que, infelizmente, quase todos nos apegamos a ela.

Na minha obra, e na literatura moçambicana de modo geral, esta tradição manifesta-se no pulso da frase, no ritmo que o silêncio impõe às palavras. Reside na densidade dos provérbios, estas lições de pedra que a vida insiste em nos dar, e na própria voz do narrador, a qual é por vezes o eco de um fantasma ou o sussurro dos antepassados. Não é um retorno ao primitivo, mas um pacto de sangue com as raízes que dão profundidade ao nosso olhar.

Este diálogo constante com a origem confere à nossa escrita uma autenticidade que o mundo não pode imitar nem apagar. Em meio à babel universal, à paisagem de escombros e ao cinismo dos tempos, a nossa palavra ergue-se, fiel à memória colectiva, a um solo que, apesar das feridas, continua a respirar. É a prova de que a nossa voz não se esvai no ar, mas se enraíza na verdade de onde nasceu.

 BM A literatura moçambicana tem sido mais reconhecida fora do país do que dentro dele. Quais caminhos você vislumbra para que essa valorização ocorra também no território nacional?

PPL É uma ironia cruel, uma desarmonia que nos pesa na alma, que a literatura moçambicana, nascida do nosso próprio chão e regada com o nosso sangue, encontre maior eco e valorização em palcos estrangeiros do que no seu solo natal. Mas tal descompasso não é um acidente; é a herança de uma história que nos roubou a palavra.

 A fragilidade da nossa cadeia do livro é uma das chagas. A ausência de uma crítica robusta, é outra. Mas a maior de todas, a ferida que a tudo corrói, é a precariedade de uma cultura de leitura que nunca se enraizou nas massas, consequência de décadas de privações e de prioridades que nos voltaram as costas.

Os caminhos para a nossa redenção são, por isso, estruturais e de longo fôlego. Passam, inexoravelmente, pelo investimento massivo na educação e na promoção da literacia, pela criação de uma rede de bibliotecas e de espaços de leitura acessíveis, e pela formação de críticos capazes de desvendar as riquezas da nossa própria produção. Somente assim, cultivando o leitor desde a infância, democratizando e descentralizando o acesso ao livro, poderemos construir um solo fértil onde a nossa palavra seja, finalmente, profeta em casa.

 BM Quais são os principais obstáculos enfrentados pelos escritores moçambicanos no mercado editorial atual tanto no país quanto no exterior?

PPL Em Moçambique, os obstáculos são estruturais e profundos. Temos ainda uma infra-estrutura editorial incipiente, com poucas editoras capazes de garantir uma produção e distribuição eficientes para além dos grandes centros urbanos, o que, somado à precariedade de uma cultura de leitura enraizada, sufoca o florescimento de um mercado interno robusto.

No vasto oceano da paisagem internacional, chegar a um mercado competitivo já é um desafio. A língua e complexidade de uma tradução também são obstáculos. A dificuldade em penetrar redes de agenciamento e distribuição que parecem desenhadas para nos manter à margem, somada a um mercado que se tornou um vasto deserto de ruído, transforma o reconhecimento lá fora numa quimera que se persegue sob um sol de desilusão.

A nossa literatura, assim, está presa entre a incapacidade do seu chão em alimentar o mercado e a indiferença de um mundo que lhe oferece apenas a miragem da glória.

 BM A presença do corpo e do erótico na literatura africana, muitas vezes marginalizada ou silenciada, aparece com nuances na sua escrita. Como você aborda essas dimensões na sua obra, especialmente na poesia?

PPL A ausência ou o silenciamento do corpo e do erótico na literatura africana, muitas vezes por pudores importados que nos vestiram de almas sem pele, é uma ferida que, vendo bem, está longe de curar. É uma pena, afinal, o corpo é a primeira geografia da experiência, o campo de ossos da nossa memória e a sua mais crua vulnerabilidade. E a nudez, a sensualidade, a sexualidade, por aí, permeiam o quotidiano do africano, seja nas suas vestes, nas suas danças ou nos seus rituais de passagem, ou de purificação.

Em Moçambique, com a excepção da Lee-Li Yang, uma ‘chinesa negra’, heterónimo de do poeta Virgílio de Lemos, e o próprio Lemos, poucos exploraram tão bem o corpo e o erótico.

 Na minha poesia, o erótico, raras vezes, manifesta-se como desejo, mas também como poder, fragilidade e identidade, um mergulho nas entranhas da nossa condição humana. Mas talvez sou mais erótico na prosa.

 BM Ao longo da sua trajetória literária, houve algum episódio inusitado, hilário ou pitoresco que você guarda com carinho ou riso? Poderia compartilhar connosco?

PPL Tenho por engraçado um episódio. Por volta de 2015, creio, a então minha editora brasileira, a Rosana Morais Weg (da Kapulana), veio a Moçambique para conhecer o mercado e assinar novos autores para a colecção de autores africanos que lançava.

Aconteceu de ela dar uma entrevista a um canal de televisão. Após falar da ideia, ela apresentou alguns dos autores que já haviam saído pela Kapulana, e eu um deles era.

O jornalista, que não me conhecia, após ouvir o meu nome, perguntou: “Também é moçambicano?”, (como se a identidade fosse um capricho ou um documento, e não um fardo que se carrega na carne e nos ossos). Foi um momento de ironia cruel. O meu nome, um eco de outras geografias e de um tempo de violência, não parecia ser de um moçambicano. É o eterno retorno do colonizador, que nos nomeou para nos negar.

Durante anos, a pergunta que se quis breve tornou-se um ritual, uma forma de chorar a rir. Os amigos, em jeito de brincadeira, voltavam a ela com alguma mania. “Como és preto com um nome tão branco?”. Não era a pergunta, mas a memória de uma incongruência que é, no fundo, a minha única verdade.

 BM Em tempos de hiperindividualismo e redes sociais, qual conselho você daria a quem escreve poesia hoje, tentando equilibrar a expressão pessoal e relevância coletiva?

PPL Em tempos onde o ecrã se tornou o nosso túmulo mais frequentado, onde o “eu” é a única cosmogonia, o fardo do poeta reside em não se afogar na própria imagem. O hiperindividualismo, essa doença que a máquina nos trouxe, pode conduzir a uma poesia que, de tão ensimesmada, perde a voz para o diálogo, para a ressonância com a carne e o osso do mundo. É preciso resistir à tentação do mero desabafo e do aplauso rápido.

O conselho, portanto, é que o poeta se lembre que a verdadeira expressão pessoal não habita a vaidade do isolamento, mas se enraíza na observação atenta do Outro. Que a sua voz, por mais única que seja, se torne permeável aos silêncios e aos gritos que habitam as ruas e as almas alheias. Pois é no pão amargo da experiência humana comum, e não na sepultura do isolamento, que a poesia encontra a sua verdadeira eternidade e o seu eco mais duradouro.



 

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