SE NÃO FOR AMOR, EU CEGUE
Quando a paixão
ultrapassa a própria razão
Em
06/12/2025, o colunista Alexandre Saconi, do Portal UOL, publicou um episódio
que pode, à primeira vista, parecer apenas uma história de amor, mas que foi,
na verdade, um dos crimes mais impressionantes da França. Não pela quantia
roubada ou por atentado contra a vida de alguém, mas justamente pelo objetivo:
resgatar da prisão a pessoa amada.
Em
1986, uma mulher teve a ideia de aprender a pilotar helicópteros para tirar da
prisão o marido, que havia sido encarcerado anos antes. O resultado foi um dos
resgates mais impressionantes da história europeia — mas que, ao final, não
compensou.
Marido
preso
Em
1986, Michel Vaujour, então com 35 anos, cumpria pena por tentativa de
homicídio e roubo à mão armada. Ele fora condenado anos antes a 28 anos de
prisão pelos crimes.
Em
1979, já havia conseguido fugir da cadeia após render pessoas em um tribunal com
uma arma falsa esculpida em um sabonete. Desde 1973, escapara outras três
vezes, mas o resgate pelo qual passaria em 1986 seria o mais espetacular — e
também o último.
Michel
estava na prisão de La Santé, ao sul de Paris, e dividia cela com Pierre Hernandez.
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chegou a passar alguns dias preso no
local após condenação por financiamento ilegal de campanha política na década
anterior.
Aulas
de helicóptero
Durante
meses, uma mulher registrada nas aulas como Lena Rigon frequentou treinamentos
de pilotagem de helicópteros. Ninguém suspeitava do motivo pelo qual ela, com
pouco mais de 30 anos e mãe de família, se dedicava tão intensamente a obter a
autorização para voar.
Relatos
indicam que seu empenho impressionava os instrutores, que a incentivavam. No
entanto, seu verdadeiro nome era Nadine Vaujour — esposa de Michel.
As
aulas faziam parte de um elaborado plano para resgatar o marido. E o plano foi
bem-sucedido.
O
resgate
Na
manhã de 25 de maio de 1986, Michel utilizou uma arma falsa e frutas pintadas
para simular granadas, conseguindo passar pelos guardas da prisão de La Santé.
Ele seguiu até o telhado, acompanhado de Hernandez, onde ocorreria a parte mais
impressionante da fuga.
Nadine
havia alugado um helicóptero em Paris e voou rumo à prisão, chamando atenção de
quem observava a aeronave voando tão baixo na região. Do telhado, Michel subiu
no helicóptero, deixando Hernandez para trás, já que este desistiu da fuga.
O
casal voou por aproximadamente 15 minutos até o campo de futebol de uma
universidade. De lá, entrou em um carro e desapareceu.
Reencontro
com a lei
Em
setembro do mesmo ano, Michel foi recapturado enquanto tentava assaltar um
banco. Ele foi baleado na cabeça e entrou em coma, sendo identificado apenas
por meio de digitais e tatuagens.
Dias
antes, Nadine havia sido presa pelo auxílio na fuga do marido. Ela permaneceu
detida por dois anos pelo crime.
Se
Não For Amor, Eu Cegue
Esse
episódio me traz à lembrança a letra da música “Se Não For Amor, Eu Cegue”, dos
compositores Luiz de França, Guilherme Queiroga Filho e Oswaldo Lenine Macedo
Pimentel.
Segue
um trecho da letra, que ilustra muito bem este caso:
“Pode
ser um lapso do tempo /
E
a partir desse momento acabou-se a solidão /
Pinga
gota a gota o sentimento /
Que
escorrega pela veia e vai bater no coração /
Quando
vê já foi pro pensamento /
Já
mexeu na sua vida, já varreu sua razão /
Livre,
quando vem e leva /
E
a pupila acessa do seu olho disse love /
Cai
o medo tolo, cai o queixo /
Quando
a terra sai do eixo e eu estou perto de ti /
Abre-se
a comporta da represa /
Desviando
a natureza pra um lugar que eu nunca vi /
Uma
vida é pouco para tanto /
Mas
no meio desse encanto o tempo deixa de existir /
É
como tocar a eternidade /
É
como se hoje fosse o dia em que eu nasci /
Lava
a alma, leve e vai tranquila /
E
a pupila acessa do seu olho disse love /
Bem,
se não for amor, eu cegue /
Bem,
se não for amor, eu fico /
Eu
sigo, sigo, sigo, eu fico cego por ti.”
Uma
aventura amorosa inusitada, que mistura devoção extrema e reflexão sobre os
limites do amor — quase um enredo de cinema — em que uma mulher, cega de amor,
arquitetou um plano quase perfeito para resgatar o seu amado da prisão. Este
episódio ficará na memória das pessoas como uma linda lição de um amor bandido
que não teve um final feliz.
O
que uma mulher não faz pelo seu amor? Ah, o amor é lindo…
Gilmar Pereira Santos é advogado e escritor de livros infantis


ResponderExcluirUma linda história de amor
Excelente!! Uma história digna de filme 👏👏
ResponderExcluiressa história merece um filme na Netflix 👏🏻👏🏻
ResponderExcluirA história é simplesmente fantástica! mistura coragem, loucura e amor numa intensidade rara. Um daqueles relatos que prendem do início ao fim e fazem a gente lembrar o quanto o sentimento humano pode ser poderoso.
ResponderExcluirHistória interessante!👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirFico impactada todas as vezes que leio as postagem que o Dr. faz, essa então, é uma bela história de amor e loucura em uma intensidade fora do normal!
ResponderExcluirExcelente👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirAdorei. MEMENTO MORI: todos iremos morrer e cada momento é único; precisamos viver o hoje e com o que nos faz bem; amanhã eu posso não conseguir te dizer do meu amor.
ResponderExcluirMelhor uns poucos momentos de júbilo que valerão por uma vida inteira do que a vida com seu amado preso. Ela se deu um presente primeiro.
O Amor Áh! O Amor sentimento avassalador que faz a gente não se reconhecer mais...
ResponderExcluirAmigo Gilmar, como toda história de amor, esta também cega
ResponderExcluirMuito bom, Dr Gil
ResponderExcluirFeliz quem tem ou já teve UM AMOR NA VIDA!!!❤️
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