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A tecnologia e a falta de diálogo 

 


São Paulo julho de 2020, eram 7 horas de uma terça feira de muito frio, para quem vive no nordeste, 12 graus é frio demais para quem convive com 32 graus do meu querido Maranhão. Acordo lembrando de compromissos, primeiramente teria de ir até o laboratório colher e realizar meus exames, assim daria início do meu check-up anual, Mais tarde iria ao lançamento de um livro de poemas escrito por um amigo. 

Apressadamente levanto tomo meu banho, visto a roupa e me dirijo ao laboratório, imaginava que estaria já atrasado, peguei o táxi e em 10 minutos estava na porta do laboratório, esqueci de mencionar a cara do motorista quando falei o endereço, em outras palavras ele havia trocado talvez uma corrida que lhe desse mais remuneração por uma com menos, após o pagamento logicamente lembrando da fisionomia do motorista dei uma gorjeta, até consegui receber, um tenha um bom dia, e muito obrigado!

Chegando à recepção fui imediatamente identificado, pois pelo menos 1 vez ao ano me dirijo a São Paulo para fazer exames, check-up ou algum exame de rotina, assim aproveito para passear, assistir boas representações teatrais e o melhor de tudo, frequentar os restaurante que estão em alta, faço isso pois meu plano médico, em São Luís não teria o atendimento, pouquíssimos estabelecimentos atende este convenio, ai a razão de ir para tão longe.

Feito os exames, desço e me dirijo até um café que existe na mesma rua do laboratório, com um jejum de 8 horas podemos adiantar que a disposição para o dejejum era grande, procuro uma mesa encontrando somente uma com dois acentos desocupado, sento e imediatamente vem o garçom que me apresenta o cardápio, faço minha escolha e aguardo a chegada. Noto que na mesa ao lado encontrava um casal jovem aparentemente com idade entre 26 a 30 anos, o que me chama a atenção foi que ambos com seus celulares à mão olhos fitados na tela e seus dedos a percorrer o teclado, isto tudo chamou-me a atenção, como dois jovens poderiam ser mais frios que aquela  manhã fria, como depois de uma noite em algum apartamento o silêncio de ambos prevaleciam, isto me tocou e eu comecei discretamente a observar para ter uma ideia do que estava acontecendo, a princípio me pareceu que estavam brigados, porem em determinados momentos suas mãos automaticamente se tocavam e os dois trocavam olhares e até beijos eram lançados, mas as palavras para o início de um diálogo não saía. O que estaria acontecendo, será que aquilo era o normal desta geração de hoje, será que conversar com terceiros virtualmente era melhor que conversar com seu parceiro. Sei que o mundo, o universo evolui, ou involui, será que a tecnologia veio para construir uma geração de pessoas insensíveis, pessoas distantes uma das outras, será que a cena que estava observando seria o cotidiano dos dois?  Pois bem imaginei que ao servir seus pedidos, tudo seria guardado e durante a alimentação os dois poderiam trocar algumas palavras, mero engano, o garçom serviu se retirou, os dois pegaram o talher e a xicara de café, mas continuavam com os seus companheiros eletrônicos acoplado à suas mãos.  

Enquanto a cena era para mim mostrada, ficava a imaginar na evolução daquele casal, quando tivessem seus filhos, que diálogo, que educação, que encaminhamento poderiam ensinar aos seus ou seu filho. 

Uma coisa constatei, que não somente aqueles dois, que estavam à minha frente mas muitos ali na mesma situação do casal ao meu lado estavam com seus celulares à mão, esquecendo que a sua frente não estava uma parede ou estatua, e sim uma pessoa que convivia da sua amizade ou até com laços matrimoniais, o que leva hoje as pessoa a não mais dialogar, não olhar nos olhos, a sorrir a esticar suas mãos e fazer um carinho, o que leva esta geração a tanto desprezo, que será das futuras gerações.

O certo é que o celular está tomando conta de todos nós, principalmente os mais jovens, esqueci de citar que em uma outra mesa os pais também com seus celular a mão, estava ensinando seu filho de uns 2 anos, que já apresentava também um pequeno eletrônico à mão com desenhos para que não fossem perturbado, espero tenha sido concebido de maneira normal com carinhos abraços etc, etc, ou será que fora concebido por seus pais e seus celulares à mão?

 Espero que esteja errado, e que o que hoje vejo em algum lugar deste país seja substituído por diálogos, sorrisos, carinhos e muita atenção.

 

Roberto Franklin escreve aos sábados para o Textual.

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