Textual
NOSSA
COMBALIDA LITERATURA
Há alguns anos, durante aulas, palestras e
conversas acadêmicas, venho chamando atenção para o fato de que nossa
literatura, além de estar perdendo visibilidade, não tem conseguido formar
novas gerações de leitores. E isso é preocupante!
Sem pensar em procurar culpados ou mesmo em
encontrar soluções mágicas que façam com que os autores nacionais voltem a ser
lidos, admirados e reconhecidos em todos os rincões de nosso gigantesco Brasil,
temos que primeiro refletir sobre o que vem acontecendo nas últimas décadas.
Se alguém tiver a curiosidade de buscar as listas
de livros mais vendidos (seria bom se além de vendidos também fossem lidos!)
logo perceberá que os autores brasileiros que se dedicam à prosa ou ao verso
são raridades nesses rankings. Em uma rápida conversa com estudantes dos
diversos níveis de ensino, é possível perceber que, excetuando-se aqueles nomes
consagrados que são ensinados e cobrados em sala de aula, os escritores
brasileiros são quase totalmente desconhecidos por parte de nossos alunos (e
até de alguns professores!).
Alguém poderia alegar que a juventude atual lê
pouco e não se interessa por livros. Mas isso não é bem verdade. Alguns desses
garotos e garotas leem o suficiente para citarem dezenas de nomes de autores e
títulos de obras. Mas quase sempre esse rol é composto por livros e escritores
estrangeiros, principalmente os chamados best
sellers, raramente nossos jovens citam algum escritor da literatura
nacional.
E os raros nomes que ainda são lembrados nessas
inquirições assistemáticas são aqueles que aparecem nas páginas dos livros
didáticos, mas que, muitas vezes, costumam ser chamados de chatos ou sem graça
pelos infantes. Esse contexto passa a impressão de que se um desses
intelectuais de gabinete decidir que as aulas de literatura não dispensáveis,
até mesmo os nomes clássicos de nossas letras cairão no esquecimento total em
poucos anos.
Sinceramente acredito que muitos de nossos
escritores (de ontem e de hoje) tenham talento suficiente para figurarem na
lista de obras recomendadas para pessoas de todas as idades. Mas parece que
faltam projetos didáticos, pedagógicos e políticos que façam nossas obras
chegarem às mãos e aos olhos de nossos alunos. E isso deveria ocorrer nas três
esferas do poder, não apenas de modo isolado, como ainda acontece, mais pelo
esforço individual de algumas pessoas indignadas com a situação do que por um
projeto de interesse mais amplo.
E, se até mesmo os antigos e consagrados escritores
estão tornando-se desconhecidos, que dizer dos novos escritores e dos autores
que mal têm seus livros circulando em sua cidade os em seu Estado? A resposta é
obvia e, infelizmente, nada alentadora.
Infelizmente, em um país com aproximadamente
duzentos e dez milhões de habitantes, uma tiragem de três mil exemplares, de um
autor nacional, é comemorada como sendo espetacular, mas costuma demorar anos
para esgotar-se em nem sempre será brindada com uma nova edição. Parece que
vivemos em uma época na qual os livros de nossos autores são tratados ora como
lixo, ora como luxo...
É de lamentar-se que em um país onde já houve e ainda
há tantos talentosos escritores, os leitores interessados em tais obras sejam
tão escassos.
É lamentável. Lamentável ao extremo.
José Neres escreve às segundas-feiras para o Textual.
Verdade José, infelizmente no Brasil, o custo dos livros ainda é alto, tanto para as editoras que precisam elevar os custos, pois a comercialização dos livros é pequena, quanto para os poucos leitores que tentam acompanhar o mercado por prazer. O "luxo" de se consumir os livros se torna aquém da maioria dos leitores.
ResponderExcluirUma triste realidade que precisa ser alterada.
ExcluirRealmente meu querido amigo Neres, é lamentável. Falta sensibilização e programas de incentivo para todas as pessoas.
ResponderExcluirOs interesses nem sempre estão relacionados com a formação de leitores
ExcluirMeu querido Neres, penso que o país precisa sim passar por uma reformulação de todo o sistema educacional, pois eu pertenço à parcela de alunos que saiu da escola sem a menor vontade de ler nossa literatura e mais pela forma como ela era abordada e passada a nós alunos.
ResponderExcluirComo diria o Gullar citando Noel Rosa: --- "Samba não se aprende no colégio!"
Se não fosse pelas rodas boêmias aqui de São Luís, que eu frequentei de forma assídua dos 18 aos 22 anos, jamais teríamos (eu e amigos) desenvolvido o imenso prazer da leitura de nossos autores!!