A POESIA E O POETA
“A poesia é a arte da linguagem humana, do gênero lírico, que
expressa sentimento através do ritmo e da palavra cantada. Seus fins estéticos
transformaram a forma usual da fala em recursos formais, através das rimas
cadenciadas. A poesia faz adoração a alguém ou a algo, mas pode ser
contextualizada dentro do gênero satírico também. Há três expressões de
poesias: as existenciais, que retratam as experiências de vida, a morte, as
angústias, a velhice e a solidão; as líricas, que trazem as emoções do autor; e
a social, trazendo como temática principal as questões sociais e políticas”.
Mas, eminentemente, a poesia é arte e exercício humano/espiritual.
Quanto ao questionamento conceitual sobre esse contexto, temos a certeza:
Bertoldo Breath se fosse questionado por alguém a respeito do conceito de o quê
é a poesia, certamente o questionador já obteria sua resposta – “poesia é o
próprio homem/trabalhador e, em realidade, há homens que trabalham anos e anos;
esses são considerados bons / há homens que trabalham anos e anos; esses são
considerados muito bons / e há homens que trabalham sempre; esses são
imprescindíveis…”.
Portanto, a poesia é um produto do esforço psicofísico humano. O
mesmo questionamento, feito a Henfil, é claro, também, ele já nos responderia:
– “poesia é arvore de vida e, em realidade, se dela não houver frutos, valerá o
perfume e a beleza das flores; se dela não houver flores, valerá a sombra e o
abrigo das folhas; e, se, dela não houver frutos, flores e folhas, valeu a
intenção da semente…”. Embora a poesia, é claro, também, produto natural do
esforçado cio da terra.
Mas, ser poeta é ser o quê?
Segundo o sábio professor, poeta e jornalista maranhense, Alberico
Carneiro, se é atualíssima, ainda hoje, a teoria de Aristóteles sobre a arte da
poesia ou da poética, apresentando-a como imitação, transformação ou mutação da
realidade vista por outro ângulo, o poeta é uma espécie de mago, feiticeiro,
bruxo ou encantador. Desse ponto de vista, ele, o poeta, pode transfigurar a
linguagem da semântica, isto é: fazer com que as palavras, à maneira dos
camaleões, passem por um processo mimético ou do mimetismo. E, assim, como
camaleão, que, para preservar-se dos predadores mais perigosos, adapta a
coloração da pele à cor do ambiente, para fingir e confundir-se com a paisagem,
também o poeta faz com que as palavras imitem a realidade, procurando
inseri-las no contexto semântico que corresponda à contemporaneidade.
O poeta Português, Fernando Pessoa, traduz esse paradoxo ou
ambigüidade aristotélica sobre o ato da imitação à realidade: – “o poeta é um
fingidor/finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que
deveras sente”.
Já o poeta ludovicense, Nauro Machado, outro ser humano-cultural
incompreendido em seu tempo, se confessa e, portanto, explica: – “a dor de ser
poeta/ do ser fatal/ a dor de ser feroz/ é instante só/ mas que no ser demora e
dura e fere/ para que mais doa”.
E o conterrâneo e poeta-camaleão, Salgado Maranhão, se faz poetar
nas coisas: – “As coisas querem vazar o poema/em sua crosta de enredos, as
coisas querem habitar o poema/para serem brinquedos. Chove nas fibras de alguma
essência secreta e o poema rasga a arquitetura do poeta”
O SER E A POESIA ADVINDOS DE MIM
minha poesia
veste-me com essência sabedora ao interior a mim
e emudece meu grito
ensurdecedor à negação que há nela.
é a prisão na qual
sou condenado
e estou a
extrapolar-me liberto à ambiência alheia.
é a imensidão em sal
oceânico e chão cáustico, solitariamente, desértico…
é a diversidade de
todas minhas linguagens artísticas sem platéia alguma…
é a obra que,
humildemente, ofereço à humanidade…
é o ser a querer-se
compartilhado a quem me necessitar…
e meus versos?
são partes extraídas
de minha alma inteira a se mostrarem inibidas aos outros seres
sem aceitação
nenhuma!
o que é minha
poesia?
é a somatória das
imagens etárias do passado encontrado no presente,
são escritas na
negação imagética do futuro.
obrigando-me,
fielmente, a negá-la em mim tal qual confissão ausente.
ANALFABETISMO EDITORIAL
há em mim
poemas para o mundo
condenados ao
desconhecimento profundo
escondidos
esquecidos
sem algum encanto
ganharam na gaveta
do móvel só um canto
imundo
vagabundo
quais enterrados à
sepultura
pois lhes fora
negada a leitura!
TRIPARTITE DO SER
o quê é para ser
falado
minha alma brada a
voz.
o quê é para ser
calado
minha atitude cala à
vos.
o quê não pode ser
almejado
minha razão desistiu
de nós.
CETICISMO E CRENÇA...
...eis a questão!
sal, ao pão, para a existência da matéria doce, ao vinho, para a vida eterna do
espírito. aleluia à fé...
Wybson Carvalho é poeta e membro
da Academia Caxiense de Letras

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