BABEL E A SEREIA

                                                                                                        

                                                                                                  Ilustração Mariana Massarani

 


Babel morava

numa casa

na frente

do mar.

 

 

Todos os dias o seu

olhar tão azul

namorava o mar tão

azul.

 

 

Um dia de desejos

ardentes, se aventurou

pulou o muro

e afundou as patas na areia.

 

 

E ali, com um mar tão

perto, com o

horizonte tão longe,

seu coração se agitou.

 

 

Corajosamente deu

cinco passos para

frente e dois para

trás, sete para frente

e um para trás e de

repente zas-trás,

quando viu já estava

dentro do mar.

 



Mas todo mundo,

também sabe, que

coisas estranhas,

grandes magias,

podem acontecer.

Coisas absolutamente

Inexplicáveis.

 

 

Babel começou a

nadar como se fosse

peixe, como se fosse

baleia, como se fosse

polvo, e mergulhou

buscando estradas

marinhas.

 



Encontrou, bem lá

embaixo um castelo

feito de conchas, feito

de pérolas, parecia um

sonho.

 

 

Entrou. No salão

encontrou a sereia de

um braço só. Cheirou

sua mão e sentiu que

era de confiança.

 

 



A sereia se apaixonou

pelos olhos do Babel,

pelo jeito do Babel

pisar no mar e

ficaram naquele

minuto amigos para

sempre.

 

O Babel nem precisou

perguntar! a sereia

foi logo contando

como perdeu o

braço. Ela disse que

o mar estava cheio de

armadilhas.

 

 

Um dia seu braço se

enrolou numa rede

cheia de ganchos e

não teve jeito.

Machucou o braço de

uma tal maneira, que

ele teve que ser

cortado para poder

sair da armadilha e

sobreviver.

 




No começo foi

bastante difícil nadar

com um braço só. Foi

bastante difícil se

pentear com um braço

só. As suas amigas

sereias ajudaram

tanto, que já nem

lembrava que havia

perdido um braço. E

agora havia ganhado

um gato!!!




A sereia o convidou

para passear, para

namorar, mas o Babel

já estava com

saudades de casa e

cansado da água. Não

queria magoar a

sereia. E pensou: vou

convidá-la para ir até

a minha casa e todos

irão adorá-la.

 

E em noites de lua

cheia podemos ver no

parapeito da janela

uma sereia e um gato.

Ele mia e ela canta.

 

Mas quando a sereia

fica triste de saudades

do mar, eles voltam a

mergulhar com

cuidado para não se

enrolarem no lixo dos

humanos que vão

parar no fundo do

oceano.

 

E assim, para lá e

para cá, termina a

história de amor de

um gato e uma sereia.

Quem quiser saber

mais que invente, por

favor.




 

Roseana Murray é autora de livros de poesia e contos para crianças,

jovens e adultos. Graduada em Língua e Literatura francesa pela

Universidade de Nancy através da Aliança Francesa.

Recebeu ao longo de sua carreira vários prêmios (A.P.C.A, O Melhor de Poesia da F.N.L.I.J, 

Prêmio A.B.L para livro infantil, “Altamente Recomendável da F.N.L.I.J).

Faz parte da Lista de  Honra do Organismo Internacional I.B.B.Y 

que abriga os melhores autores de literatura infanto-juvenil do mundo).

Trabalha com o Projeto de Leitura Café, Pão e Texto, recebendo 

Escolas Públicas em sua casa para um café da manhã literário. 

Faz palestras sobre a Formação do Leitor. Tem cerca de cem livros publicados.

 

Mariana Massarani nasceu em 1963 no Rio de Janeiro.

Ilustrou mais de 250 livros (14 desses como autora do texto).

Recebeu muitas vezes o Altamente Recomendado

e o Melhor para Criança da Fundação Nacional do Livro

Infantil e Juvenil, o selo White Raven e 4 Jabutis.

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