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Mostrando postagens de maio, 2025
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                                                               ENQUANTO FAÇO AS MALAS   Como disse Camões, “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades....”. E em meio às mudanças corriqueiras da vida, encontro-me no dilema descontente de encaixotar meus livros ou separá-los de mim. A biblioteca que herdei de meu pai, mantive-a intacta durante os 35 anos de sua ausência, quiçá, aguardando que ele retornasse para eu devolvê-la ao dono do mesmo jeito que ele a deixara, ou melhor, devolvê-la com mais livros e novos autores, muitos dos quais ele não teve a oportunidade de conhecer. E enquanto eu o esperava chegar pela casa adentro, passaram-se traças, cupins, novos livros... E até eu passei sem me dar por isso. Agora nas tendências minimalistas a que a vida me condiciona nos 60+, descubro que já não caibo na casa. Na verdade, a c...
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                                                             SOBRE A OBRA PLANTAÇÃO DE HORIZONTES   O livro Plantação de Horizontes (2023), da autora Luiza Cantanhêde, é a quarta obra de sua produção, antecedendo-o Palafitas (2016), Amanhã serei uma flor insana (2018), Pequeno ensaio amoroso (2019). Esse livro está dividido em quatro seções denominadas: “O piso milenar da terra”, “Não aprendi a arar as manhãs”, “As sementes ainda furam desertos” e “As mães plantam fé nas tristezas”; a obra contém 55 poemas distribuídos nessas seções, sendo dez poemas na primeira seção, 15 poemas na segunda seção, 20 poemas na terceira e dez poemas na quarta e última seção. Sobre a sua temática, podemos dizer que seus versos estão reunidos numa geografia que ultrapassa a paisagem maranhense (babaçuais, casas de taipas, coivaras, roças, i...
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                                                                  UMA ENTREVISTA   Paulo Rodrigues – José Ewerton Neto, o Fernando Pessoa afirmou: “A literatura, como da arte, é uma confissão de que a vida não basta”. Você pensa a literatura da mesma forma que o Pessoa? José Ewerton Neto – Não. Inclusive não sei porque as pessoas têm tanta admiração por essa frase que originou outra, de Ferreira Gullar, muito repetida. Ora, penso que a vida não basta para todo mundo já que ninguém quer morrer. Não basta para o artista, como também não basta para o médico, para qualquer camelô, para o mais humilde carroceiro e, nem por isso, todo mundo é artista. Acho que a literatura existe - ou a arte em geral - como expressão da necessidade que algumas pessoas têm de transmitir algo pensado e que lhe foi revelado como um dom, ...
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  CARTA (À) MARGEM     Poema que surge inexato não sabes o quanto espero emergires do poço fundo após derretidas buscas.   Claro enigma em folha de relva descreve agora meu delírium tremens nesta tarde naureana sem Nauro na estranheza da ponderação do silêncio.   Salvai-me, poema, do antigo desencontro: limão nos olhos, farpa nos dedos cidade desaparecida, silenciando como os Canhões de Chagas.   Nebulosa batalha em impiedosa arena Alvura desenhando meus cacos pondo-os como paralelepípedos para transeuntes passarem com seus objetos indiretos na Grande Rua de encolhidos homens.   Sombra caída do Caiçara na calçada Límpido Poema Sujo correndo como um rio dentro da noite veloz, lentamente em mim, Relato do Escambau no Umbigo do Mudo eis o Exercício do Caos na persona non grata.   Salvai-me poema, da morte do boi na liberdade ou em sevilha nos arraiais ou em câmaras frias.   Não fujo do Jogo das Serpentes Corro no Círculo das Pálpebras numa Compu...