HUGO CALDERANO

cidadão do mundo, refém da burocracia

 

No mês de julho deste ano, o campeão mundial de tênis de mesa, Hugo Calderano, foi impedido de entrar nos Estados Unidos para disputar um torneio, devido a um problema com o visto. Uma viagem a Cuba em 2023 teria sido o motivo. Calderano também possui cidadania portuguesa, o que normalmente dispensa a necessidade de visto para entrar em solo norte-americano, bastando informar sua entrada por meio do Sistema Eletrônico para Autorização de Viagem (ESTA).

No entanto, de acordo com a Lei de Melhoria do Programa de Isenção de Visto e Prevenção de Viagens Terroristas, de 2015, pessoas que visitaram determinados países, como Cuba, não podem utilizar esse sistema e precisam de um visto regular. Hugo afirmou ter tentado, de todas as formas, obter um visto emergencial, mas não teve sucesso.

A frustração é compreensível, sobretudo para um atleta do seu nível. Em 20 de abril de 2025, Calderano entrou para a história ao conquistar a Copa do Mundo de Tênis de Mesa, tornando-se o primeiro atleta masculino de fora da Ásia e da Europa a vencer um título mundial individual. Com essa conquista, tornou-se também o primeiro mesatenista das Américas a ganhar essa competição, um feito que, até pouco tempo, parecia inalcançável.

Com dedicação e treino incansáveis, ele rompeu a hegemonia asiática na modalidade. Além disso, Calderano é um poliglota: fala português, inglês, francês, espanhol, alemão, chinês e italiano. Nos momentos de lazer, joga basquete, toca violão e é fã do cubo mágico, que monta em menos de dez segundos.

Na minha modesta opinião, Hugo Calderano transcende fronteiras. É mais do que brasileiro ou português: é um cidadão do mundo, por suas conquistas, por sua postura e por seu talento. Infelizmente, vivemos tempos sombrios, em que barreiras políticas e burocráticas ainda impedem que o esporte cumpra seu papel maior: unir os povos. Em um mundo melhor, atletas como Calderano jamais seriam barrados por questões que nada têm a ver com o espírito esportivo. 


                                         

Gilmar Pereira Santos é escritor de livros infantis 

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