JOSUÉ NA FEIRA

 

Visitando a Feira de Livros, como tenho feito quase cotidianamente, encontrei, ontem, os escritores amigos José Neres, Dino Cavalcante, Félix Alberto Lima e Marcos Saldanha que, junto a Joseane Souza — diretora da Casa de Cultura Josué Montello que tem desempenhado um trabalho digno e consistente de preservação e divulgação da memória do grande escritor maranhense — conversavam sobre Literatura e, claro, sobre o papel de Josué e sua permanência através de suas obras no imaginário dos estudantes, que procuram suas obras incessantemente.

Mais tarde, em meu lar e sem sono, peguei, quase que inconscientemente, talvez movido pelos eflúvios do ambiente do stand da Casa o livro Diário do Entardecer do escritor, cuja leitura havia interrompido e voltei a me deliciar com a leitura desse esse livro.

Refleti que esse gigantesco painel da literatura brasileira em tempos não tão remotos é uma obra de alta densidade intelectual sobre a Literatura (e sobre a Cultura em geral) como existem poucas. Nela o escritor revela todo seu potencial artístico e todo seu saber cultural com observações sutis e preciosas sobre assuntos em geral. Arrisco-me a dizer que esse volumoso e fértil livro se encontra subestimado em favor de outros geniais romances do escritor, mas tem a mesma envergadura, em termos de leitura prazerosa e sutileza de pensamentos.

Transcrevo aqui, à guisa de incentivo à procura e leitura, reflexões breves do escritor de 1969 em seu diário, não coincidentemente da precisa época em que estamos e que anotei para servir-me de epígrafe no meu próximo livro, que trata também de fé e espiritualidade.

23 de Agosto (de 1969)

O crítico José Veríssimo, com seu azedume costumeiro, não soube ver, nas Pensées detachées et souvenirs, de seu amigo Joaquim Nabuco, a alta beleza literária de reflexões como esta:

“ A fé é um pássaro pousado no alto da ramagem e que só canta quando Deus escuta.“

À feira, portanto, rumo ao stand da Casa Josué Montello, ao stand da Academia Maranhense de Letras, ao das Academias em geral, e vários sebos, com ótimos livros.

 

José Ewerton Neto é poeta, escritor, membro

da Academia Maranhense de Letras

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