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Mostrando postagens de agosto, 2025
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“GRAN FINALES” POÉTICOS   Vários autores já se dedicaram a destacar as mais belas introduções, principalmente de narrativas. É célebre a de Tólstoi para Anna Karenina que começa assim “Todas as famílias felizes se parecem...” etc.  Mas, e os finais? A estes poucos se dedicaram ao que eu saiba. E não são menos importantes. Pensando nisso, num exercício salutar de reflexão e, claro, êxtase poético, me pus a escolher dez epílogos dos melhores sonetos da língua portuguesa. Como se deduz, a empreitada é complexa, mas não temerária já que o manancial foi extraído de cem sonetos pré-selecionados por gente muito boa com, no caso, Sérgio Faraco, em edição da LPM Obs. Claro está que a seleção não é um juízo de valor sobre os sonetos, em integridade e abrangência. A lista abaixo se refere apenas aos preferidos “gran finales” em minha modesta escolha. E não segue por ordem de preferência.    PEQUEI, SENHOR ...”eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e nã...
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                                                                Zeca Tocantins - Estiagem
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CRÔNICA À MODA FABULAR PARA MARIA ISABEL Por que hoje é o seu aniversário de nascimento   Maria Isabel nasceu como uma daquelas princesas das histórias de Era uma vez... Com uma estrela na testa. Todos ao seu redor percebiam isso. Fato mais notado por ser pequena a sua cidade berço: São Bento dos Peris. Menor ainda naqueles tempos, embora contasse com uma seleta sociedade. Cidade em que muitos ilustres maranhenses nasceram e de lá se projetaram para o resto do Brasil. Maria Isabel também estava fadada a não permanecer muito tempo na sua cidade natal. Certo dia, lá aportou um jovem e galante advogado, cheio de sonhos, pronto para defender uma polêmica e alentada questão, portando uma volumosa valise, cheia de documentos. Por este derradeiro detalhe, foi identificado como um caixeiro viajante sedutor, e logo rejeitado por meu avô, feroz guardião de sua princesa com uma estrela na testa. Mas o amor do jovem advogado apaixonado, logo ao primeiro olhar, pela bela princesa que contava ap...
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SUIRIRI Ariadne Oliveira   por Bioque Mesito   Falar de Suiriri  (Caravana, 2024)  é como tentar explicar um sonho ao acordar: as palavras vêm, mas sempre ficam aquém da sensação. Ariadne Oliveira entrega poemas que parecem curtos para a densidade do que carregam. São poemas enxutos, mas intensos, que convidam o leitor a degustar cada verso como quem saboreia um prato raro, daqueles que ficam mais na memória do que no paladar. O livro não apenas se lê, ele se sente. Cada palavra parece ter sido polida com cuidado e, ao mesmo tempo, deixada com pequenas arestas para arranhar de leve a pele da leitura. É nesse contraste entre delicadeza e força que os sentidos se ampliam. Há versos que sussurram, há outros que mordem, todos carregando aquela energia misteriosa que a boa poesia deixa no ar.                                                 ...
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SÉRGIO HABIBE um poeta da canção brasileira   Lá pelos anos 1970, em meio ao fervor criativo que agitava São Luís do Maranhão, surge um jovem artista que desde cedo mostrava que sua relação com a música não era só de ouvido, mas de alma. Sérgio Habibe, nascido na poético-histórica Rua de Nazaré em 1949, filho de libaneses, começa a dar suas primeiras braçadas na imensidão sonora da MPB, e logo se destaca como um dos mais poéticos e inventivos cantores e compositores do Brasil e do Maranhão. Nos festivais de música popular que sacudiam a ilha, seus primeiros prêmios já sinalizavam: ali estava alguém com um universo próprio, cheio de mar, cidade, peixes e frutas, um lirismo saboroso, temperado com talento de sobra. A lapidação veio com o violonista João Pedro Borges e, mais tarde, com a residência na Escola Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Mas Habibe queria mais: queria coletivo, queria arte em movimento. E foi com outros inquietos sonhadores que fundou o Laborarte (Laboratório de ...